18 DE MARÇO DE 2009, QUARTA-FEIRA POR: Martins Coelho Sarkozy e a Nato Num pequeno artigo o nosso camarada Martins Coelho recordar as razões da saÃda da França da NATO, assim como do seu regresso. Sarkozy e a Nato
Em 1968, em França, tive ainda oportunidade de assistir à passagem de longos comboios de viaturas do exército do EUA, carregadas de tropas, de canhões, blindados, maquinaria de engenharia, etc. Não existia na altura a rede de auto-estradas, o que causava engarrafamentos monstros. Uns na direcção do porto de Le Havre, outros para a zona de ocupação americana da Alemanha. Era a concretização da saÃda da França da NATO, decisão tomada por De Gaulle em 1966, por considerar que aquela estava dominada pelos EUA e ao serviço dos seus interesses. Essa polÃtica tinha começado a ser definida por Pierre Mendès-France em 1950, a chamada dissuasão do fraco ao forte, baseada na “force de frappe†com meios terrestres, aéreos e marÃtimos. Em 1964 a capacidade atómica da França estava operacional. Foi esta estratégia polÃtica e militar que fez gorar, em 1954, devido à recusa da França, a tentativa de se criar a CED, a Comunidade Europeia de Defesa. O Tratado de Roma ainda não existia, só em Março de 1957 foi assinado. A França assegurava sozinha a sua defesa e independência, ficava ao abrigo de um ataque nuclear da URSS pois tinha capacidade de retaliação. Sarava com esta polÃtica as feridas da II Guerra Mundial, e restituÃa ao orgulho francês “la grandeur de la Franceâ€. A alteração desta tradicional posição da França, respeitada depois por todos os presidentes e governos até agora, não começou a ser minada por Sarkozy mas por Chirac. No acordo de Saint-Malo, em Maio de 1998, entre Blair e Chirac, foi decidido que a França e a Grã-Bretanha trabalhariam no sentido de a UE ter capacidade militar autónoma e de ser implementada a polÃtica de defesa comum. Sarkozy, no conhecido discurso de Agosto de 2007, explorou o passo dado e sublinhou a necessidade de dar um novo impulso a Saint-Malo e à Europa da Defesa. No seu entender não fazia sentido colocar em oposição a UE à NATO, dado serem complementares, pelo que não havia motivo para a UE não ter defesa própria e a França estar fora da NATO. A GB funcionou aqui como garantia aos EUA de que a defesa europeia não era prejudicial aos EUA, o que veio a dar na reviravolta da NATO, na reunião de Bucareste de Abril de 2008, quer aceitando a PESD e o regresso da França ao dispositivo militar. O resto é recente e conhecido. Martins Coelho | 2023 2022 2021 2020 2019 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 | |