POR: Libero Della Piana, membro do Comité Central do Partido Comuista dos Estados Unidos
''A crise não é o único elemento histórico deste momento polÃtico. O resultado de nossa recente eleição presidencial é um repúdio à polÃtica da administração de George W. Bush. Reflete uma virada polÃtica do povo dos EUA em uma direção progressista. Representa uma histórica derrota da ideologia e das instituições do racismo, que tem sido o principal instrumento de divisão da classe trabalhadora dos EUA através da nossa história, desde a escravidão. É a culminação da maior mobilização polÃtica das forças do trabalho na história dos EUA. Para o povo americano, esta eleição encerrará o pesadelo de oito anos de extremismo antidemocrático da administração Bush. Abrirá as portas para a recuperação de muitas vitórias duramente alcançadas pela classe trabalhadora, nas épocas do New Deal, dos Direitos Civis, etc. A luta continua, mas continua em um patamar mais elevado.
O Caminho para o Socialismo – programa do Partido Comunista dos EUA –, identifica como desafio estratégico da classe trabalhadora e do povo derrotar o segmento mais reacionário e ultradireitista das corporações transnacionais, que dominou a vida polÃtica americana durante três décadas. O programa afirma: ''Um derradeiro e grande golpe na ultra-direita, vibrado por uma frente de todo o povo, representará uma mudança qualitativa na correlação de forças interna''.
Acreditamos que esta eleição marca um ponto de virada nessa luta estratégica, e que iniciamos uma transição para um novo perÃodo estratégico, o da restrição dos monopólios como um todo. Neste perÃodo de transição objetivamos abrir as possibilidades para novas lutas e demandas de caráter antimonopolista e a possibilidade de estabelecer polÃticas que restrinjam severamente o poder dos monopólios como um todo, tais como a nacionalização dos bancos ou da indústria automobilÃstica, o estabelecimento de um sistema nacional de saúde, manter o dinheiro grosso fora da polÃtica e assim por diante.
A despeito das distorções da mÃdia e das mentiras da direita, os eleitores do paÃs, de todas as cores e raças, votaram em Obama. Como descendente de escravos, eu não posso dizer que pensava assistir pessoalmente um negro ser eleito para a Casa Branca. A própria Casa Branca, residência dos presidentes dos EUA, foi construÃda com trabalho escravo. Esta eleição mostra que a longamente acalentada crença de nosso partido, em uma crescente maioria anti-racista, provou ser uma verdade. Ela representa um momento de derrota dos fundamentos da ideologia racista – os conceitos da supremacia dos brancos e da inferioridade dos negros. Por certo, a vitória de Obama não representa uma mudança revolucionária ou uma revolução socialista. Os únicos que o proclamaram eram os deslavados ideólogos da ultradireita e os comentaristas da Fox News, que também insistiam que Obama era muçulmano. Mas ela representa uma decisiva vitória para o povo dos EUA e os povos do mundo. Muda a arena da luta em uma direção favorável; cria aberturas para os movimentos populares afirmarem sua agenda e alcançarem vitórias.'' Legenda: Della Piana: ''Eu não pensava assistir''.
Foto: Mauricio Morais
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(Manteve-se a ortografia e redacção originais)