Para desmontar teoria armamentista em voga na Europa ocidental importa avaliar qual é o dispositivo militar actual nestes países e partir dele para avaliar o que se quer impor de corrida armamentista, com verbas colossais que ameaçam o nível de vida das populações e levantam o espectro do empobrecimento.
A paranoia é um termo que se refere a um padrão de pensamento ou comportamento caracterizado por desconfiança excessiva e irracional em relação a outras pessoas ou situações. Para marketing dos vendedores de armamento, alimentar a paranoia coletiva é uma forma segura de manter o negócio: quanto mais medo mais armas são vendidas, fazendo com que em qualquer potencial adversário apareça um sentimento idêntico, a perceção duma ameaça, que justificará como resposta mais um degrau na corrida ás armas.
No momento atual a ameaça que nos é apresentada é o perigo duma invasão russa da Europa, mesmo que não se saiba dar uma resposta cabal a uma pergunta infantil: porquê e para quê?
Comecemos pelo histórico das relações entre a Europa Ocidental e a Rússia.
Invasões da Rússia por países ocidentais
Invasões Polonesas e Suecas (séculos XVI-XVII): Durante o Período de Tumultos (1598-1613), a Rússia enfrentou invasões da Comunidade Polonesa-Lituana e da Suécia. A Polônia chegou a ocupar Moscovo entre 1610 e 1612, mas foi expulsa por uma revolta popular.
Invasão Napoleônica (1812): A Campanha da Rússia, liderada por Napoleão Bonaparte, que avançou até Moscovo. Dos 600 mil homens que iniciaram a campanha, apenas cerca de 30 mil retornaram vivos a Paris.
Intervenção Aliada na Guerra Civil Russa (1918-1920): Após a Revolução Russa de 1917, potências europeias (como Reino Unido, França e EUA) intervieram na Guerra Civil Russa, apoiando os Brancos (anti-bolcheviques) contra os Vermelhos (bolcheviques).
Invasão Nazi (1941-1945): Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha nazista lançou a Operação Barbarossa, invadindo a União Soviética em junho de 1941. Foi a maior invasão da história, envolvendo milhões de soldados. Em que , os alemães foram derrotados em batalhas como Estalinegrado e Kursk.
Invasões da Europa ocidental pela Rússia
Expansão do Império Russo (séculos XVI-XIX): O Império Russo expandiu-se para o oeste e sul, anexando territórios como a Ucrânia, a Polônia, a Finlândia e partes dos Bálcãs. A Rússia também participou de guerras contra o Império Otomano e a Suécia (Grande Guerra do Norte, 1700-1721), consolidando seu poder na Europa Oriental.
Guerras Napoleônicas (1803-1815): Neste caso foi um contra ataque: após a invasão de Napoleão, a Rússia as tropas russas marcharam até Paris em 1814, desempenhando um papel crucial na queda de Napoleão.
Primeira Guerra Mundial (1914-1918): A Rússia entrou na guerra ao lado da Tríplice Entente (França e Reino Unido) contra as Potências Centrais (Alemanha, Áustria-Hungria e Império Otomano). A guerra levou a grandes perdas territoriais e contribuiu para a Revolução Russa de 1917.
Segunda Guerra Mundial (1939-1945): mais uma vez um contra ataque: após a invasão nazi, a URSS contra-atacou e avançou pela Europa Oriental, libertando do jugo nazi países como a Polônia, Hungria e Tchecoslováquia, mas depois estabeleceu regimes comunistas nesses territórios. No entanto a Polonia já tinha anteriormente sido controlada pela Russia no seculo XVIII.
Guerra Fria e Intervenções na Europa Oriental: A URSS usou força militar para manter o controle sobre seus satélites na Europa Oriental, como na Revolução Húngara de 1956 e na Primavera de Praga em 1968.
Vemos assim que as relações entre a Rússia e a Europa foram marcadas por ciclos de conflito e cooperação. A Rússia, muitas vezes, viu-se como uma fortaleza contra invasões europeias (como as de Napoleão e Hitler), enquanto também expandiu o seu próprio império para paises vizinhos como a Hungria e a Checoslováquia, mas nunca para paises mais ocidentais como a Alemanha ou França, que pelo contrário invadiram a Russia.
A narrativa atual é que a Russia pode invadir os paises ocidentais se não houver um armamento massivo destes países, incluindo Portugal.
Nos tempos atuais a Russia reagiu ao avanço da NATO na
Georgia, que ocupou durante 5 dias em 2008.
Durante a era soviética, a Geórgia era uma república da URSS. Após o colapso da União Soviética em 1991, a Geórgia tornou-se independente, mas herdou regiões separatistas pró-Rússia, como a
Abecásia e a
Ossétia do Sul. Essas regiões tentaram a autonomia ou independência, levando a conflitos armados na década de 1990. A Rússia apoiou os separatistas, mantendo tropas de paz nas regiões, tal como faz na
Transnístria, constituída por um movimento separatista em relação á
Moldávia.
Nada destas situações complexas permitem concluir que a Russia esteja historicamente interessada em invadir e anexar paises ocidentais, como nos tem sido insinuado por políticos e comentadores ao serviço da paranoia securitária que já domina a UE.
O fim da NATO
Com o desmoronamento da União Soviética e a dissolução do acordo militar, o Pacto de Varsóvia em 1991, a NATO ficou sem mandato. De facto, a NATO criada em 1949, era uma aliança defensiva destinada a opor-se á expansão do regime comunista da URSS e ao poderio militar dos paises de leste.
Com a passagem do regime comunista para um regime capitalista e a dissolução da sua aliança militar, o célebre artigo 5, o princípio central da NATO, que estabelece que um ataque contra um país membro é considerado um ataque contra todos, deixava de ter interesse.
Mas a Rússia continuava a ser um grande país dotado dum exército poderoso, e de um grande arsenal nuclear, pelo que os EUA nomeadamente através da sua agencia USAID procuraram criar e explorar tensões que enfraquecessem a Russia, nomeadamente investindo 5 mil milhões no nacionalismo ucraniano, conforme foi admitido em 2013 pela senhora Victoria Nuland, subsecretária de Estado para Assuntos Políticos dos Estados Unidos, e confirmado recentemente por Robert Kenedy, ministro do governo Trump.
Os grupos nacionalistas e de extrema-direita desempenharam um papel significativo nas manifestações da praça Maidan, que levaram ao golpe de estado de 2014, que depôs o presidente Yanukovich.
Após a queda de Yanukovich, membros do Pravy Sektor (Setor de Direita) foram colocados em cargos elevados no novo governo. A atuação desses grupos intensificou as divisões já existentes no país, especialmente entre as regiões pró-Ocidente e pró-Rússia.
Os incidentes em Kiev, em 2014 na praça Maidan, incluindo a participação desses grupos organizados de extrema direita, contribuíram para uma mudança significativa na orientação da Ucrânia, afastando-a da Rússia e aproximando-a do Ocidente.
Essas consequências tiveram um impacto duradouro na política interna e externa da Ucrânia, que conduziram á invasão russa e a uma grande intensificação da a guerra a partir de Fevereiro de 2022.
A fraude da falta de orçamento e material
Investimento europeu na Defesa
Sobre a alegada afirmação de que os paises europeus não teriam investido em equipamento militar durante as últimas décadas, que números encontramos numa revista de referencia do IISS- International Institute for Strategic Studies - Military balance 2025 12 de Fevereiro de 2025?
Gastos com a defesa em 2024 (milhares de milhões de dólares):
Rússia 145.9; só 5 países já gastam mais do dobro da Rússia :
Alemanha+ UK+ França+ Itália+ Polônia= 294.7 mil milhões de dólares.
Ou seja, ao contrário do que tem sido afirmado, os paises europeus despendem na Defesa atualmente mais do dobro do que a Russia, que está em guerra.
Entretanto em Bruxelas, com exceção da Hungria foi aprovado um pacote de crédito para investimento na Defesa dos países europeus.
Os números levantam sérias dúvidas sobre o discurso dos que repetidamente têm afirmado que a Europa precisa de despender milhares de milhões em equipamento militar, sendo certo que esse equipamento só pode ter efeitos operacionais se for integrado numa nova arquitetura militar, que substitua a nível europeu a organização da NATO, fortemente dependente dos norte americanos.
Os números são esmagadores: a superioridade de equipamento militar da Europa (UE+Ucrania+GB) quando comparados com os da Rússia, apresentados numa infografia (SIC 4/3/2025 21:5 fonte IISS).
Efetivos da Europa/Rússia : soldados profissionais 2,67/1.13 milhões, veículos de infantaria 10.642/3.280, artilharia 18.465/5.157, tanques 8.642/2.730, aviões de combate 2.091/1.224.
Os três gráficos seguintes, artilharia, total de blindados (tanques e veículos de transporte) e aviões de combate, mostram que não será por falta de equipamento que a Europa esteja impedida de constituir uma força de dissuasão credível, pelo que a urgência com que em Bruxelas se aprovou um monstruoso pacote de financiamento para aquisição de material bélico carece de muitas explicações, que não foram prestadas; aliás explicações tentadas por um major general que procurou demonstrar que a narrativa belicista europeia é mais uma vez mais importante que a realidade.
Gráfico 1
Gráfico 2
Gráfico 3
Perante a constatação de que a Europa no seu conjunto tem o dobro ou o triplo do material bélico e de soldados profissionais do que a Rússia, que faz a UE ? Disponibiliza 800 mil milhões para compra de mais material, verba astronómica, superior ao PRR, que vai necessariamente faltar nas despesas sociais.
Tal como sucedeu no caso da invasão da Ucrania a análise do problema está a ser viciada desde o inicio, quando se verifica que a NATO morreu, mas que uma nova aliança militar europeia, que é preciso construir, só será operacional, segundo os entendidos, se for reorganizada toda a articulação e cadeia de comando do seu enorme potencial.
Sem essa nova arquitetura de defesa estar definida, como sabemos o valor do equipamento realmente necessário? Quem faz um orçamento sem um caderno de encargos, sem identificar primeiro as necessidades para depois procurar adquirir os equipamentos necessários?
De acordo com os tratados da UE, como o Tratado da União Europeia (TUE) e o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE), a política de defesa e a definição de orçamentos militares são responsabilidades primárias de cada país membro.
No entanto, a UE tem desenvolvido iniciativas para promover a cooperação em matéria de defesa, como a
Cooperação Estruturada Permanente (PESCO), que visa aprofundar a colaboração entre os Estados-membros em áreas como pesquisa, desenvolvimento de capacidades militares e operações conjuntas. Além disso, o
Fundo Europeu de Defesa (EDF) foi criado para financiar projetos de defesa conjuntos, mas isso não implica que a UE decida diretamente os orçamentos nacionais de defesa.
Ou seja, a UE pode influenciar indiretamente os investimentos em defesa, mas não pode impor um orçamento obrigatório para os países.
Em 2023, as despesas militares dos 27 Estados-Membros da UE atingiram 279 mil milhões de euros, representando um aumento de 10% em relação a 2022. Entre 2021 e 2024, as despesas totais dos Estados-Membros da UE com a defesa aumentaram mais de 30 %. Em 2024, as despesas ascenderam a cerca de 326 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 1,9 % do PIB da UE. (
consilium.europa.eu )
Portugal comprometeu-se a aumentar gradualmente o seu investimento em defesa para atingir 2% do PIB até 2029, conforme acordado com a NATO.
Este aumento representará um incremento anual de cerca de 400 milhões de euros, elevando o orçamento de defesa dos atuais 4.186 milhões de euros para aproximadamente 6.000 milhões de euros em 2029. (dnoticias.pt)
Situação da Rússia
O número de baixas dos exército russo não é conhecido, mas a generalidade das informações disponíveis aponta para muitas centenas de milhares, entre mortos e feridos.
Os ataques ucranianos a refinarias e outros objetivos estratégicos causaram grandes estragos ao tecido industrial russo.
A economia de guerra russa obrigou também a cortes no sistema social. Só estes factos apontariam para a grande improbabilidade de este ou qualquer outro governo russo se aventurarem a nova invasão de qualquer país ocidental.
As notícias de supostos relatórios que fazem previsões sobre novos ataques russos são puros exercícios de futurologia:
“As Forças Armadas Russas estarão provavelmente em posição, em termos de pessoal e material, de lançar um ataque contra a NATO, o mais tardar, no final desta década”, diz um responsável dos serviços de informação da Alemanha, enquanto os dinamarqueses anunciam também essa hipótese dentro de 5 anos.
Ora se todas as movimentações da Rússia nas periferia das suas fronteiras estiveram relacionadas com problemas de populações de cultura russa nos territórios que mudaram de administração depois de 1990, ou de forma muito mais evidente, quando a NATO pretendeu avançar para esses territórios, a narrativa de permanente hostilidade e suspeição levantada pelos paises mais afastados é um exercício de imaginação que pretende apenas criar o medo, e assim justificar mais um desvio dos fundos europeus para a guerra.
Bases da NATO na Europa
A NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) mantém uma rede extensa de bases militares na Europa. Essas bases estão distribuídas por vários países europeus e incluem instalações terrestres, aéreas e navais. Abaixo está uma visão geral das principais bases militares da NATO na Europa:
Bases dos Estados Unidos e NATO na Europa
Alemanha
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Base Aérea de Ramstein Quartel-general do Comando Aéreo dos EUA na Europa e África (USAFE-AFAFRICA) e hub logístico crucial para operações aéreas. Centro de operações aéreas e de inteligência na Europa.
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Base Aérea de Spangdahlem Abriga caças e unidades de apoio da Força Aérea dos EUA.
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Base Aérea de Büchel : Armazenamento de armas nucleares da NATO.
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Base de Grafenwöhr : Centro de treino para tropas terrestres dos EUA e aliados.
Espanha
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Base Naval de Rota Instalação de apoio para navios da Marinha dos EUA, incluindo destróieres equipados com o sistema Aegis. Defesa antimísseis e projeção de poder no Mediterrâneo.
Reino Unido
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RAF Lakenheath Base aérea dos EUA que abriga caças F-15 e, futuramente, F-35. Ponto chave para operações aéreas no Atlântico Norte e Europa.
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RAF Mildenhall Base de operações especiais e reabastecimento aéreo.
Itália
Base Aérea de Aviano Base aérea dos EUA que abriga caças F-16. Apoio a operações no Mediterrâneo e Oriente Médio.
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Base Naval de Nápoles Quartel-general do Comando das Forças Aliadas da NATO no Sul da Europa.
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Base Naval de Gaeta Apoio logístico e de comando para operações navais.
Turquia
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Base Aérea de Incirlik Base aérea dos EUA que abriga caças e bombardeios, além de armas nucleares da NATO. Apoio a operações no Oriente Médio e Cáucaso.
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Base Aérea de Konya Centro de treinamento e operações aéreas da NATO.
Polónia
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Base de Powidz Hub logístico para o reforço rápido de tropas e equipamentos da NATO.
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Base de Lask Base aérea que abriga caças F-16 e tropas da NATO.
Países Bálticos (Estónia, Letónia, Lituânia)
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Base Aérea de Ämari (Estónia) Base aérea usada para patrulhas aéreas da NATO.
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Base de Rukla (Lituânia) Quartel-general do Batalhão Multinacional da NATO na Lituânia.
Roménia
.Base Aérea de Mihail Kogălniceanu Base aérea usada para operações da NATO no Mar Negro.
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Base de Deveselu Instalação de defesa antimísseis Aegis Ashore.
Noruega
Base Aérea de Ørland Base aérea que abriga caças F-35 noruegueses e tropas da NATO.
Base de Værnes Hub logístico para operações no Ártico.
Hungria
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Base Aérea de Pápa Centro de transporte aéreo estratégico da NATO.
Bulgária
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Base Aérea de Graf Ignatievo Base aérea usada para operações da NATO no Mar Negro.
Grécia
Base Naval de Souda Bay Instalação naval estratégica no Mediterrâneo Oriental.
Base Aérea de Araxos Base aérea usada para operações da NATO.
Espanha
Base Naval de Rota Instalação de apoio para navios da NATO e defesa antimísseis.
Bélgica
Quartel-General da NATO (Bruxelas) Sede política e militar da NATO.
Holanda
Base Aérea de Volkel Armazenamento de armas nucleares da NATO.
França
Base Aérea de Istres Base aérea estratégica para operações da NATO.
Não estão aqui incluídas outras instalações de grande dimensão, como a base das Lages, ou da Base Aérea N.° 8 (BA8), localizada em Maceda, Ovar, mas que inicialmente, teve como finalidade proporcionar facilidades de estacionamento e apoio a aviões de Patrulhamento Marítimo da NATO.
Considerações Estratégicas
As bases militares da NATO na Europa são consideradas essenciais para a defesa coletiva e a dissuasão contra ameaças externas, particularmente da Rússia, o inimigo implícito em toda a lógica da NATO desde a sua fundação. Permitem a rápida mobilização de tropas, o reforço de fronteiras e a projeção de poder em regiões críticas, como o Leste Europeu, os Bálticos e o Mediterrâneo. A presença dessas bases também reforçava a coesão entre os membros da NATO e demonstrava o compromisso com a segurança coletiva.
Doutrina militar russa em relação à Europa
A expansão da NATO para o leste, incluindo a adesão de países do antigo bloco soviético, é vista como uma ameaça direta pela Rússia. A doutrina militar russa enfatiza a necessidade de contrapor essa expansão, seja através de meios diplomáticos, militares ou de influência política.
A Rússia utiliza a sua capacidade militar, incluindo armas nucleares, como um meio de dissuasão contra as potências europeias e a NATO. A ideia é prevenir qualquer ação que possa ser vista como uma ameaça direta à sua soberania ou integridade territorial.
A Rússia quer manter uma esfera de influência na Europa Oriental e nos Bálcãs, regiões que considera vitais para sua segurança.
A Rússia mantém várias bases militares no exterior, principalmente em regiões que considera estratégicas para a sua segurança nacional e projeção de poder; tal como sucede com o equipamento militar, também aqui a superioridade dos outros países europeus é esmagadora: face às 26 bases americanas e da NATO na Europa a Russia apresenta 7 instalações:
Síria
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Base Naval de Tartus É a única base naval russa no Mediterrâneo
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Base Aérea de Hmeimim : Perto de Latakia
Armênia
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Base Militar de Gyumri com a Armênia, membro da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC).
Crimeia
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Base Naval de Sevastopol, Principal base da Frota do Mar Negro da Rússia, incluindo navios de guerra, submarinos e instalações de apoio.
•
Base Aérea de Kant (Quirguistão)
Instalações na Abkházia e Ossétia do Sul (Geórgia - regiões separatistas apoiadas pela Rússia) Base Militar Perto de Yerevan, Armênia.
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Instalações na Transnístria (Moldávia - região separatista apoiada pela Rússia): A Rússia mantém um contingente de tropas e armazenamento de equipamentos militares nesta região. Mantém a influência russa na Moldávia e na região do Leste Europeu.
A diferença entre o número de bases militares da Russia e dos países do resto da Europa, é outro indicador que colide de forma insanável com o novo
Pensamento Único 2.0 : A Europa gasta muito pouco em Defesa, e tem de comprar já muito material militar, agora a crédito, porque assim não há problema para a economia .Temos de ser rápidos porque corremos o risco da Rússia invadira a UE.
O novo Pensamento Único veio substituir o Pensamento Ùnico 1.0, segundo o qual a guerra da Ucrania tinha sido simplesmente o resultado duma estratégia expansionista da Rússia.
Apesar de enfrentar um único país, a Ucrania, embora com largo apoio dos EUA e da EU, a verdade é que a Rússia apenas progrediu alguns poucos km após o fracasso da contraofensiva ucraniana iniciada em Junho de 2023 e terminada em Novembro do mesmo ano.
Se em cerca de ano e meio a Russia progrediu 16 km entre Bakhmut e Chasiv Yar, uma das zonas mais ativas do conflito, quantas dezenas de anos demorariam a chegar á generalidade dos paises ocidentais, mantendo idêntica velocidade? Essa simples constatação desmente o nervosismo paranoico evidenciado por dirigentes europeus, que constantemente tentam criar o pânico sobre um hipotético avanço russo sobre os paises ocidentais.
Acrescem a tudo isto outras perguntas elementares: com que objectivos? Com que fundamentos históricos? Que ameaças diretas representam os países ocidentais, senão os decorrente dum postura permanentemente agressiva e belicista da NATO? Não tem sido insistentemente declarado pelos dirigentes russos que o avanço da NATO para Leste foi a ameaça mais importante que justificou a invasão da Ucrania? Ou pretendem os dirigentes ocidentais substituir a estratégia de confronto permanente dos EUA por uma nova estratégia ofensiva europeia?
Não decorrendo dos tratados europeus qualquer obrigação de entrar numa espiral belicista que adira sem qualquer fundamento á paranoia da ameaça russa,
Portugal deve concentrar os seus esforços na identificação das verdadeiras ameaças que tem de enfrentar, e não no embarque acéfalo dos interesses das indústrias de produção de equipamento bélico
Portugal enfrenta diversas ameaças na conjuntura atual, tanto no plano interno quanto no externo. Estas ameaças podem ser classificadas em diferentes áreas: segurança, economia, política e meio ambiente.
Segurança e Defesa
Cibersegurança: O aumento de ataques cibernéticos a instituições públicas e privadas representa um risco crescente. Infraestruturas críticas, como energia, saúde e comunicações, podem ser alvos.
Terrorismo e radicalização: Embora Portugal tenha um baixo histórico de ataques terroristas, a ameaça global do extremismo continua presente, e a degradação das condições sociais é campo fértil para populismos cada vez mais ameaçadores que podem destruir o país por dentro.
Tráfico de droga e crime organizado: A posição geográfica de Portugal faz com que seja uma porta de entrada para o tráfico de drogas da América Latina e de África para a Europa.
Desinformação e manipulação digital: A propagação de fake news e campanhas de desinformação pode influenciar a opinião pública e comprometer a estabilidade democrática. O controlo democrático possível, mas não tentado pelos governos das redes sociais, acabando com os falsos perfis-cada perfil teria de estar associado a um nº de contribuinte, por exemplo, e tudo que for publicidade paga ter de ser assinalado na mensagem, em que simplesmente, como consta das nossas leis, cada um seja responsável pelo que envia para a rede.
Envelhecimento da população: O envelhecimento e a baixa taxa de natalidade ameaçam o sistema de segurança social e o mercado de trabalho. A demografia está muito dependente do acesso à habitação, num país onde a oferta pública é baixíssima, seria uma boa aplicação de fundos europeus (como se faz em pequena escala no PRR).
Secas e incêndios florestais: Portugal tem sido severamente afetado pelas alterações climáticas, com períodos de seca extrema e incêndios devastadores. A abertura de corta fogos que impeçam os grandes incêndios é uma tarefa gigantesca onde se poderiam aplicar recursos públicos.
Subida do nível do mar: As cidades costeiras, incluindo Lisboa e Porto, podem enfrentar desafios devido à erosão costeira e à subida do nível do mar. Que medidas têm sido tomadas?
Portugal enfrenta um conjunto de desafios complexos que exigem uma abordagem estratégica e integrada para garantir a segurança, a estabilidade e o desenvolvimento sustentável do país.
Perante ameaças reais vamos mais uma vez deixar que os grandes interesses mundiais da indústria do armamento absorvam importâncias colossais, que estão a fazer falta noutros setores?
Que politica de segurança devemos defender para a Europa?
Sabemos que do lado dos dirigentes europeus as suas propostas passam sempre por três palavras: mais
financiamento da guerra, mais
armamento e mais
sanções contra a Rússia.
Perante esta pobreza e incapacidade politica de resolver, mas antes agravar, um problema que já está a ter ter sérios impactos nas economias e nas sociedades ocidentais; perante uma paranoia securitária que levou á derrota da Ucrania e a milhares de mortes, temos de concluir que a incompetência e incapacidade dos supostos defensores de valores ocidentais, mas que logo se calam face ao genocídio dos palestinianos, terá de ser substituído por algo mais racional e pragmático, antes que a tensões sociais façam implodir o projeto europeu.
Perante a estupidez natural resta-nos pôr a questão á Inteligência Artificial, partindo das premissas anteriores:
Partindo dum ponto de vista lógico, e atendendo á larga superioridade em equipamento e efectivos humanos dos países da União Europeia em relação á Rússia, que iniciativas diplomáticas, económicas e geoestratégicas poderiam fomentar um relacionamento estável e seguro da UE com a Rússia?
Dito pelo ChatGPT:
A União Europeia tem, de facto, uma superioridade em termos de equipamento, capacidades económicas e recursos humanos face à Rússia. No entanto, a relação entre ambas as partes é complexa, marcada por interesses divergentes e disputas geopolíticas. Para fomentar um relacionamento estável e seguro com a Rússia, a UE poderia adotar várias iniciativas diplomáticas, económicas e geoestratégicas:
1.
Iniciativas Diplomáticas
•
Diálogo Estratégico Contínuo: Criar canais permanentes de comunicação entre Bruxelas e Moscovo, incluindo reuniões regulares de alto nível sobre segurança, economia e cooperação regional.
• Negociação de um Novo Acordo de Segurança Europeia: Trabalhar em mecanismos de segurança que possam incluir tanto a UE quanto a Rússia, minimizando tensões militares, especialmente no leste da Europa.
•
Reaproximação Gradual com Condições Claras: Manter sanções e restrições enquanto persistirem violações do direito internacional, mas oferecer incentivos graduais para mudanças positivas na política externa russa.
• Cooperação em Fóruns Internacionais: Fortalecer a colaboração em questões globais como a luta contra o terrorismo, cibersegurança e mudanças climáticas.
2.
Iniciativas Económicas
•
Diversificação Energética e Comércio Equilibrado: Reduzir a dependência da UE do gás russo, mas sem cortar completamente os laços comerciais, promovendo um relacionamento mais equilibrado e menos vulnerável a chantagens energéticas.
•
Incentivos à Modernização da Economia Russa: Oferecer oportunidades de cooperação tecnológica e industrial em setores não estratégicos, desde que a Rússia adote práticas mais transparentes e competitivas.
•
Apoio ao Setor Privado e Sociedade Civil Russa: Criar programas de intercâmbio empresarial, científico e cultural para fortalecer laços entre as sociedades e reduzir a influência da elite oligárquica no Kremlin.
3.
Iniciativas Geoestratégicas
•
Estabilidade na Região do Leste Europeu: Reforçar o compromisso com a segurança da Ucrânia e outros países vizinhos da Rússia, mas mantendo uma abordagem diplomática que evite escaladas desnecessárias.
•
Arquitetura de Segurança Inclusiva: Explorar a possibilidade de novos tratados sobre controle de armamentos e transparência militar para evitar mal-entendidos e crises.
•
Multipolaridade Controlada: Aceitar que a Rússia busca um papel de grande potência, mas dentro de um sistema internacional baseado em regras, evitando isolar Moscovo ao ponto de forçar uma aliança incondicional com a China.
Em suma, a UE deve manter uma postura firme, mas pragmática, combinando contenção e engajamento seletivo para construir um relacionamento mais previsível e menos conflituoso com a Rússia.
O bom senso artificial evidencia ainda mais a tacanhez paranoica que continua a minar um caminho seguro e próspero para a Europa.
Matosinhos 18 de Março de 2025
José Cavalheiro