
12 DE MARÇO DE 2025, QUARTA-FEIRA
FONTE: RC
A Renovação Comunista toma posição
Abrir caminho a uma alternativa de convergência à esquerda!
A queda do governo por chumbo de uma moção de confiança por si apresentada, responsabiliza-o completamente na causa da presente crise e cria condições e oportunidade para a esquerda disputar a vitória nas eleições, sendo que para isso há que conquistar o apoio eleitoral dos portugueses e apontar a uma solução de governo por via da convergência entre o centro-esquerda e a esquerda. Segue-se a tomada de posição da Renovação Comunista
O governo caiu por sua inteira e exclusiva e responsabilidade, fruto dos conflitos de interesse entre os negócios privados de LuÃs Montenegro e o seu desempenho no cargo de primeiro-ministro, numa actuação que é proibida por lei, e é eticamente reprovável. O governo não caiu por uma crise polÃtica na verdadeira acepção da palavra, isto é não caiu em resultado directo da oposição que luta por uma nova polÃtica e um novo governo. Caiu por uma razão porventura mais grave e inaceitável, caiu por uma conduta censurável do primeiro-ministro, no plano ético, descoberta e tornada pública pela acção livre e profissional da comunicação social. A queda do governo trouxe mais uma vez ao de cima como são a democracia e a liberdade de imprensa ingredientes incontornáveis do regime democrático nascido em Abril.
Ao longo da batalha destas semanas, a direita e os comentadores com ela ligados, e sectores da direita do PS, defenderam que o povo supostamente não quer eleições. Porém, o que o povo não quer e não aceita é que continue em funções um governo ferido de conflitos de interesses qual agência de negócios onde o capital prevalece contra os interesses da grande maioria. O povo não quer um governo que insiste em levar por diante a privatização da TAP, entregar sectores chaves da economia e dos serviços sociais ao setor privado, o povo não quer uma polÃtica que deixa definhar o serviço nacional de saúde para que o grande negócio da prestação de cuidados floresça e, não quer, não aceita que a nossa juventude não consiga aceder a habitação condigna e acessÃvel. O povo exige uma polÃtica que permita mais vida com qualidade aos idosos, que melhore os seus rendimentos na reforma e apoie de forma robusta a sua vida autónoma.
As eleições não são um objectivo abstracto, em si mesmo, antes são um instrumento para travar uma polÃtica antipopular e, sobretudo, para abrir caminho a uma mudança onde os interesses da maioria obtenham efectivo acolhimento. Neste caso, as eleições deverão em especial ser uma oportunidade para pôr fim aos conflitos de interesse e à promiscuidade entre os negócios e os altos cargos da nação e eliminar qualquer suspeita de má conduta ética na governação.
Cabe à s forças da esquerda e do centro-esquerda, em toda a sua diversidade, apontar uma saÃda para a governação que promova as respostas exigidas pelo paÃs, designadamente na habitação, nos salários e pensões. Se o conseguirem, estarão em condições para alcançar a vitória. Dito de outro modo, a persistência de grandes fracturas e falta de diálogo entre as esquerdas e o centro-esquerda são o maior obstáculo à construção de uma saÃda polÃtica para um novo governo e são a principal razão para a direita poder ambicionar continuar à tona na influência no governo e no Estado.
A vitória nas próximas eleições depende da capacidade de se encontrar um denominador comum entre a esquerda e o centro-esquerda capaz de fazer compreender aos portugueses as respostas necessárias aos principais problemas do paÃs.
A presente crise surge numa altura de grandes perigos na situação internacional, onde a rivalidade das grandes potências se acentuou com ásperos confrontos nas trocas comerciais e onde os lÃderes de direita da União Europeia reclamam ruidosamente pela corrida aos armamentos numa deriva perigosa que poderá desencadear um conflito armado de grandes proporções. De resto, a conduta das lideranças da direita europeia, fazem recordar os alvores da guerra imperialista do inÃcio do século XX.
O afundamento da velha aliança transatlântica e da NATO, fruto da derrota na guerra por procuração na Ucrânia, faz subitamente crescer a conflitualidade entre potências e leva a que os sonhos imperialistas europeus procurem a todo o custo deslocar enormes verbas para o rearmamento, com frontal prejuÃzo nas muito necessárias polÃticas sociais, da modernização da economia e construção de mais democracia e mais coesão social.
Para os comunistas, a União Europeia só se afirmará no mundo se for capaz de construir um espaço de prosperidade e de paz e de modo algum como força belicista agressiva, como vociferam agora os seus dirigentes da direita. A UE não pode continuar a ser o porta-voz dos interesses da continuação da guerra na Ucrânia na quimera imperialista de disputar as suas riquezas e de derrotar a Rússia.
O governo das direitas, em risco agora de perder as eleições, tem sido um subserviente seguidor das vozes do belicismo e do rearmamento que pontificam na liderança da UE e é, também, por esta orientação reaccionária que se torna urgente mudar o rumo do paÃs.
A prosperidade interna muito necessária depende fortemente da prosperidade em toda a Europa e esse desÃgnio só pode ser alcançado por uma polÃtica de paz e com a construção de um alargado compromisso de segurança de todos os paÃses europeus, respeitador da soberania de cada Estado, e que gere uma regulação para a paz onde ninguém seja ameaçado nem ameace ninguém.
A Europa, do atlântico ao Urais, precisa de avançar para uma alargada conferência de paz e de coexistência pacÃfica que comprometa todos os paÃses do continente.
A Renovação Comunista incita todos os democratas a se empenharem na derrota das direitas e a favorecer todas as oportunidades que permitam reconstruir um espaço de diálogo entre a esquerda e o centro-esquerda capaz de gerar uma alternativa de governo de progresso e de paz.