12 DE NOVEMBRO DE 2024, TERÇA FEIRA Carlos Luís Figueira um símbolo do movimento comunista em Portugal! Nota da Renovação Comunista A morte de Carlos Luís Figueira é uma chocante notícia por ser inesperada e por constituir uma perda enorme para a acção política comunista em Portugal
Carlos Luís foi um dedicadíssimo ativo da revolução portuguesa, desde logo com elevadas responsabilidades na condução da luta clandestina do PCP no interior nas vésperas do 25 de Abril. No desencadeamento da revolução de Abril, Carlos Luís esteve presente no processo de decisão que impulsionou o partido e os trabalhadores a vir para a rua e ajudar a transformar o movimento militar na enorme revolução popular que se lhe seguiu. Carlos Luís manteve uma elevada participação nos anos seguintes na direcção do PCP, com responsabilidade na Comissão Política.
Em 1998, no quadro do enfraquecimento dos resultados eleitorais do PCP que se vinham verificando e no quadro de um recuo da sua influência, Carlos Luís foi parte da Comissão Política que aprovou o documento conhecido por “Novo Impulso” e que propôs a “todos os militantes e organizações do Partido o desenvolvimento de um vasto movimento de reflexão, debate, tomada de decisões e adopção de medidas, visando dar um novo e vigoroso impulso à concretização de orientações definidas no XV Congresso que se consideram essenciais para a dinamização, renovação e maior eficácia política da organização e intervenção do PCP, e para a ampliação da sua influência na classe operária e nos trabalhadores, na sociedade portuguesa.” Sabe-se que a orientação maioritária da direcção condensada no documento do “Novo Impulso” foi objecto de uma forte obstrução por um grupo sectário que, por via do desrespeito estatutário, conseguiu parar o processo de renovação, culminando na derrota da linha do “novo Impulso” no XVI congresso do PCP em 2000. Deste processo, resultou a escandalosa expulsão de Carlos Luís Figueira e de Edgar Correia, dois dos expoentes da linha renovadora, e a suspensão de Carlos Brito.
Depois do divisionismo gerado no XVI Congresso, os camaradas prosseguiram a seu esforço de dotar o movimento comunista de novos instrumentos de análise e de perspectivas de intervenção capazes de tornar a ideia comunista num projecto de poder e de transformação da sociedade. Neste objectivo é de ressalvar a participação de Carlos Luís na fundação da Associação Política Renovação Comunista tendo sido parte contínua dos seus corpos sociais com valiosas contribuições para o amadurecimento da ideia de que o campo comunista deverá ser o fulcro da construção de uma maioria de progresso para o governo de Portugal e que consiga fazer convergir a esquerda e o centro esquerda.
Carlos Luís deixa-nos uma imensa saudade e a Renovação Comunista endossa à família as nossas sentidas condolências. O seu exemplo ensina que a bandeira vermelha que as gerações futuras irão empunhar exibirá os heróicos momentos de avanço que o Carlos Luís ajudou a construir mas também os não menos heróicos momentos de uma necessária ruptura com uma orientação sectária, isolacionista, que a história mostra que está a levar o campo comunista ao definhamento.
A nossa Associação procurará honrar o legado de Carlos Luís!
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