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22 DE SETEMBRO DE 2017, SEXTA FEIRA
FONTE: RC
POR: Mário Fonseca
Acordo entre a Renovação Comunista, MIC e Partido Socialista para as eleições autárquicas na cidade do Porto
Intervenção de Mário Fonseca na cerimónia de assinatura
A Renovação Comunista, o MIC e o Partido Socialista acordaram em concorrer em convergência para a Câmara do Porto no que pode constituir um ganho para virar à esquerda aquela autarquia e evitar derivas de projectos pessoais providenciais. Segue-se a intervenção do camarada Mário Fonseca na cerimónia do acordo.
Caras e caros amigos e camaradas

É com muita satisfação que subscrevemos o documento de compromisso entre o Partido Socialista, o MIC e a Renovação Comunista tendo em vista as eleições autárquicas do próximo dia 1 de Outubro e a futura governação da Câmara Municipal do Porto.
Como sabem, tememos que as condições para a renovação do compromisso que assumimos há quatro anos atrás não se reproduzissem.

Não obstante termos uma leitura positiva do trabalho autárquico desenvolvido nos últimos quatro anos na cidade, sobretudo pelo empenho e competência dos vereadores socialistas, de que cabe destacar o Manuel Pizarro e o Correia Fernandes, sentimos sempre bastante incómodo com a solução política encontrada.

Sendo certo que o trabalho autárquico, pela proximidade e natureza dos problemas que se lhe colocam, tende a atenuar a divergência ideológica, não a elimina.

E na nossa presença, ainda que intermitente, na Assembleia Municipal do Porto, por várias vezes experimentamos esse incómodo, sobretudo quando, como é também da sua competência, A Assembleia Municipal tratava de questões políticas de índole mais geral.

Nessas alturas, ficavam bem evidenciadas as fissuras da base sociológica e política que sustentou a solução política encontrada e é por isso que nos congratulamos com o seu termo, sem prejuízo de condenarmos veementemente Rui Moreira pela rompimento desleal, traiçoeiro e oportunista do acordo feito com o PS.

É, pois, com redobrada esperança, a esperança na reprodução a prazo, a nível local, de uma solução política de esquerda abrangente, na esteira da inédita solução experimentada no país e que, contra ventos e marés, tão bons resultados vem dando ao país e aos portugueses, que partimos para assinatura deste novo acordo autárquico.

Ouvimos ontem as propostas apresentadas para os próximos quatro anos e congratulamo-nos não só com o progressismo e realismo do seu conteúdo, mas sobretudo com a própria atitude em si.

Quem está séria e responsavelmente na politica só pode actuar desta forma: Dizer ao que vem, para que lhe possam mais tarde pedir contas do que fez (ou não fez).
Há quem ache que nada tem a dizer.
Apresentam-se e pronto.

Bastam-se por si próprios.

Estes tiques caudilhistas, que nos conturbados tempos de hoje têm conhecido um ou outro sucesso, na maior parte das vezes visam apenas esconder desconhecimento, inexperiência, insuficiências, falta de propostas e, naturalmente, arrogância.

Não terão grande futuro.

Já os vimos no passado em palcos políticos diversos. Hoje, poucos se lembram deles.

Retemos da apresentação, aliás excelente, feita ontem pelo Rio Fernandes a referência a um Porto dos ricos e a um Porto dos pobres.

Poderíamos reter muitas outras, mas foi esta a que mais nos tocou.
Há de facto um Porto dos ricos e um Porto dos pobres. Tem rostos e tem territórios.

De um lado os rostos simples, marcados pelos anos e pela dureza da vida, pelas vicissitudes dos magros salários, pela incerteza no emprego, pela angústia da precariedade, pela insalubridade das casas onde habitam.

Vivem sobretudo no lado de lá da cidade.
Do outro lado os rostos de uma burguesia folgada, tisnada pelo Atlântico próximo, bem acomodada.
Equilibrar estas realidades sociológicas e territoriais há-se ser, na opinião da Renovação Comunista, a principal linha de rumo de uma Câmara do Porto progressista e de esquerda.

Temos a convicção e uma grande esperança de que no dia 1 de Outubro será dado um grande passo nesse sentido e de que a ambição desmedida de uns e o radicalismo inconsequente e improdutivo de outros não merecerão acolhimento por parte dos portuenses.

A Renovação Comunista tentará contribuir na medida das suas possibilidades para um grande resultado no dia 1, o que o mesmo será dizer para que o Manuel Pizarro seja o próximo Presidente da Câmara Municipal do Porto.
Fá-lo-á pelo diálogo e pelo empenhamento persistentes junto dos seus aderentes, simpatizantes e companheiros de projecto.

Tentando mostrar que votar nas listas do PS somará às Juntas de Freguesia, somará à Assembleia Municipal, somará ao Executivo Municipal, aquilo que outras forças políticas também poderão somar – esquerda e progressismo – mas somará também algo não menos importante e determinante para a realização de qualquer projecto político, que nenhuma das outras forças de esquerda estará em condições de somar: a perspectiva real de ser poder!

Na área da esquerda só o Partido Socialista, e mais ninguém, está em condições de ganhar as eleições e de presidir à Câmara Municipal do Porto.

Pelo que votar no PS é o único caminho de quem na esquerda quiser ter uma Câmara progressista e de esquerda nos próximos quatro anos.

A alternativa, é mantê-la nas mãos da direita. E isso nunca poderá ser alternativa satisfatória para quem de esquerda se reclame.

Ao trabalho, pois, caras e caros amigos e camaradas, porque muita gente há ainda a ganhar até ao dia 1 de Outubro.




 

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