18 DE JANEIRO DE 2016, SEGUNDA FEIRA FONTE: RC POR: Paulo Fidalgo O Marcelismo do Cavaquismo A campanha de disfarçe de Marcelo Rebelo de Sousa que recusa conotação com o PSD, com Cavaco ou com os anos de auteridade, tem o aroma de um truque que os portugueses mais velhos se lembram quando o outro Marcelo, o Caetano, quis simular uma renovação do fascismo. É por isso admissível fazer a parábola do "Marcelismo do Cavaquismo" Para os que viveram o consulado de Marcelo Caetano, lembrar-se-ão do truque da liberalização do fascismo, por ele ensaiado. Marcelo Caetano quis travar o declínio do regime, recusando-se contudo a mexer nos seus fundamentos identitários, a saber: a conceção de poder baseado no terror e nos monopólios e a política colonial. Era um plano inviável, disparatado mesmo, e por isso desaguou no 25 de Abril.
Neste século XXI, a direita enfrenta um desafio de grande monta, também, para contrariar o seu declínio, depois que um mínimo entendimento entre a esquerda e o centro-esquerda veio abrir uma nesga de possibilidades novas.
Com a derrota nas legislativas, a presidência da república tornou-se, naturalmente, numa disputa crítica que a direita não quer perder, se quiser condicionar o tímido avanço das esquerdas e mais tarde conjura-lo. Por isso, tudo valerá no campeonato do engano. É assim que se lança mão de um candidato na realidade pleno de fidelidade ao campo da direita, mas que procura agora disfarçar as suas lealdades e cultivar um falso distanciamento dos partidos da direita, para com o austeritarismo e em ostensivo corte com o que foi a presidência cessante. Mais farsa não é possível, realmente.
Na realidade, a direita chega a este confronto em crise profunda. Os portugueses apercebem-se melhor agora dos erros de 40 anos em que o país iludiu os seus anseios de progresso e justiça. Mais nítida, pela deslocação para a esquerda nas eleições de 4 de outubro, é a consciência do que foi a cartada da direita para forçar as entradas, da TROIKA e do austeritarismo, em 2011, na mira de impor um retrocesso que vingasse as conquistas sociais do 25 de abril. A aprendizagem política da recente crise avivou nos portugueses a noção de que a imagem negativa de tudo o que tem acontecido, se foca sobretudo no representante esdrúxulo desta história funesta, o atual presidente. Cavaco Silva foi de facto o ostensivo guardião das receitas austeritárias e, pela sua longa e aborrecida carreira política, de várias décadas, na liderança da direita portuguesa e dos seus governos, acaba por ser o principal símbolo de um país enleado em cinzentismo que rouba génio e arte às suas gentes. Estar sujeito a Cavaco Silva, por tantos anos, foi o “azar dos Távoras” disse desassombradamente Carlos do Carmo. E sintetizou assim o estado de alma do país. O veto dos portugueses a Cavaco é hoje claríssimo. Por isso, o instinto de sobrevivência da direita empurra o seu candidato para demarcações nauseabundas a ver se pega.
O ponto chave da propaganda é a ideia que Marcelo representaria um suposto novo começo protagonizado por alguém comunicativo e com frescura. Alguém que deixaria para trás os anos puros e duros do empobrecimento ativo e do aumento das desigualdades e que tem afirmações macias para com a maioria parlamentar que lhe é adversa. Importa que ninguém caia em tal embuste. A diversidade de candidatos à esquerda e a competição por vezes dura entre eles, só será prova de vitalidade se não resultar em fraturas excessivas ou em perversas neutralidades em relação ao adversário principal. A esquerda pode até ter brio na disputa democrática de diversas origens, mas isso não pode confundir o eleitorado, nem deixar medrar os cânticos da farsa, ou impedir a convergência quando ela for imperiosa. A diversidade só tem virtude quando se materializa em compromisso para o essencial: fazer o país e a coesão social avançarem contra este novo marcelismo mas agora do cavaquismo.
Os Marcel(l)os... Enviado por Fernando Oliveira, em 18-01-2016 às 20:50:04 Salazar teve o seu Marcello.
Curiosamente o padrinho do Marcelo de Cavaco.
E, entre outras coisas, os Marcelos privilegiam as "Conversas em Família" - o dos dois ll só no estúdio e de só um l, no estúdio, cafés e pastelarias.
Fora com o afilhado !
Porque do padrinho já nos livrámos há quase 42 anos. |