17 DE NOVEMBRO DE 2014, SEGUNDA FEIRA
FONTE: Renovação Comunista
POR: Cipriano Justo
A Renovação Comunista apoia a candidatura cidadã às eleições legislativas
Tempo de Avançar!
Em ambiente de forte mobilização, arrancou ontem a candidatura cidadã para as eleições legislativas com uma conferência de imprensa onde participaram José Reis, Rui Tavares, Ana Drago, Cipriano Justo e São José Lapa. Publicamos de seguida a intervenção de Cipriano Justo
Sem prejuÃzo do que mais à frente vier a ser decidido quanto à s orientações programáticas que iremos colocar à consideração dos portugueses, é desejável que desde já fiquem conhecidos e sejam divulgados alguns aspectos gerais das respostas que entendemos deverem ser dadas no plano das polÃticas sociais, principalmente no que respeita à segurança social, ensino e saúde. Nuns casos é possÃvel fazer mais, noutros é desejável fazer melhor e noutros ainda impõe-se fazer mais e melhor.
Estamos conscientes de que nos próximos anos as limitações financeiras decorrentes das obrigações com o pagamento dos juros da dÃvida e do cumprimento dos valores do défice orçamental representam outros tantos obstáculos ao que é necessário fazer para acudir à s muitas necessidades naqueles domÃnios. Mas também aqui não é suficiente ficarmos pela tomada de consciência. É imperativo agir no sentido de aliviar o fardo financeiro que continua as asfixiar as condições de vida dos portugueses.
Apesar de tudo, no perÃmetro das polÃticas que se tornam possÃveis e exigÃveis aplicar, há um conjunto de medidas prioritárias que representam outras tantas respostas a necessidades sociais particularmente sentidas pelas populações. De acordo com o censo de 2011, a população com mais de 65 anos era superior a dois milhões de habitantes, ou seja 20% da população residente em Portugal. Além das considerações que se devam ter sobre os valores das reformas desta população, compete á segurança social, em coordenação com as autarquias e outros actores sociais, desenvolver polÃticas promotoras do envelhecimento activo, autónomo e socialmente útil e reconhecido. E neste âmbito cabem igualmente as medidas de prevenção da institucionalização intempestiva dos idosos, tornando-se necessário criar respostas sociais que os mantenham inseridos no seu meio social o maior número de anos possÃvel.
No caso da escolaridade obrigatória, há que encontrar respostas polÃticas para dois fenómenos que representam outros tantos obstáculos ao desenvolvimento social: o abandono escolar e o deficiente aproveitamento escolar, ambos em grande parte explicados pelas condições de vida das famÃlias, pela frágil ligação da escola à s comunidades locais e pela insuficiente participação dos familiares na organização escolar.
No que diz respeito à saúde, desde a criação do SNS, já lá vão 35 anos, só excepcionalmente é que os governos tiveram polÃticas activas de promoção da saúde e de prevenção dos riscos para a saúde humana. Isso explica que apesar de esperança de vida dos portugueses ser de 80 anos, equivalente à da generalidade dos paÃses europeus, considerando ambos os sexos, tanto esperança de vida saudável como a esperança de vida saudável aos 65 anos seja a pior da UE15. Quando, nesta idade, nalguns paÃses, a esperança de vida saudável é ainda de 15 anos, em Portugal é de 5 anos. Se acrescentarmos a estes défices as dificuldades de acesso aos serviços hospitalares, estão identificados os principais problemas para os quais é necessário encontrar respostas polÃticas e organizacionais.
Cada vez mais, e é nisso que queremos investir, as respostas estruturais para estes problemas estão em polÃticas intersectorias de proximidade, uma vez que existe um nexo de continuidade e associação entre estes aspectos da vida das pessoas. Esta exigência apela para uma reconfiguração da organização do Estado, remetendo para uma extensa descentralização de competências, para a recuperação do poder de financiamento das provisões sociais, e para a criação de mecanismos de participação das comunidades locais com poder de decisão, uma vez que é lá que se encontram parte significativa das respostas.
Cipriano Justo