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11 DE NOVEMBRO DE 2014, TERÇA FEIRA
FONTE: Jornal do Algrave
POR: Carlos Luís Figueira
Carlos Lúis comenta a actualidade em torno do nacionalismo catalão!
Carlos Luís Figueira escreve no Jornal do Algarve a sua crónica política com enfoque no debate soberanista da Catalunha.
Para Jornal do Algarve
Edição 13.11.014

Perante acontecimentos de enorme importância que ao lado ocorrem na península, não me ocorrem a nós serem-nos indiferentes, sobretudo os do último domingo, marcado que foi, pelo simbólico referendo, acto sem qualquer validade constitucional, para a convocação dos catalães e residentes na Catalunha, expressarem a sua opinião sobre o que pretendiam em relação ao futuro. Ou seja, responder a duas perguntas : se reconheciam a Catalunha como uma Nação e, se assim fosse se apoiavam ou não, numa segunda pergunta, a sua independência .

Se para a primeira pergunta se observou um sentido de opinião esmagadoramente maioritário, já para a separação de Espanha, como Nação autónoma, os apoios não são tão claros, deixando questões em aberto para um futuro próximo, designadamente, se Convergência e União ( centro direita )se dispões a marcar eleições antecipadas num ambiente, então e de fato referendário, sobre a pressão da Esquerda Republicana Catalã ou, se tem em vista preparar-se para um acordo temporário com o PP, com algumas cedências deste, sobretudo centradas em benefícios de recolha de impostos aproximando-os do que se observa no País Basco ( o enunciado e aspirado acordo fiscal ).

O que, se assim fôr, pode demonstrar que apesar do centralismo da direita imposto pelo Governo de Rajoy, ancorado numa arrogância que ofendeu e humilhou o povo catalão, apesar de tudo, por um lado existe uma parte significativa do eleitorado que teme a separação, numa demonstração politica que a ideia independentista é transversal à sociedade e aos partidos seus representantes, ( o independentismo nem sempre constitui uma projecto progressista porque em múltiplas circunstâncias é marcado pelo egoísmo das classes dominantes na sociedade que o propõe ) e, por tal, não se dispõe nem a apoiar a posição da Esquerda Republicana Catalã ( independência já ! ) por temer que essa vontade se transforme mais tarde num pesadelo ou que tal movimento possa assumir, contraditoriamente, arma politica para a continuidade de um poder corrupto representado pela continuidade da Convergência e União de Arur Mas herdeiro de Pujol.

Nesta complexa conjuntura há que relevar o facto de terem sido mobilizados para ajudar a que o acto eleitoral se verificasse em condições democráticas, ou seja, que não fosse marcado por falsos votantes, mais de 48.000 voluntários se tivessem disponibilizado para o assegurar em condições normais de democracia participada e nele tivessem votado, com todos os condicionalismos que à partida já se sabiam existir, mais de 2,2 milhões de cidadãos, num universo de 6 milhões de habitantes.

Por cá, Cavaco cada vez mais assumindo-se como representante de uma facção do poder, e nesse sentido, inaugurando uma figura não prevista na Constituição, nem nos poderes que a mesma lhe atribui, assumindo-se como uma espécie de primeiro ministro sem existência institucional mas com expressão real, tão surreal quanto exercida num país, deste há seculos, contraditoriamente, marcado pelo formalismo, determina que não haverá eleições antecipadas mesmo que o País venha a dispor de um Orçamento que não corresponda à realidade das contas públicas, ao endividamento real do País, à situação da economia, aos gastos das chamadas gorduras do Estado, ou seja, entre outras mordomias, gastos com assessores, contratos de favores, venda ao desbarato de empresas públicas, num circulo de poder e de existência cada vez mais afunilado o que, por sua vez, incomoda e é expresso por parte de algumas figuras fundadoras ou não do PSD num processo que, como já aqui o afirmei, se traduz num movimento de decantação no centro direita.

Aqui situados voltaremos à península na próxima semana, porque o assunto Podemos e as alternativas que se colocam à esquerda entre nós face às próximas eleições legislativas, merecem algum desenvolvimento e atenção.

carlosluisfigueira@sapo.pt

2014-11-10


 

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