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Cena final do filme Casablanca onde se alude ao "princípio de uma longa amizade"
05 DE OUTUBRO DE 2014, DOMINGO
FONTE: Renovação Comunista
POR: Paulo Fidalgo
Intervenção da Renovação Comunista no 1º Congresso do Livre
Quem sabe, "o princípio de uma longa" colaboração!
Pode ler abaixo o texto da intervenção de Paulo Fidalgo no 1º Congresso do Livre.
É uma honra podermos intervir no 1º Congresso do Livre. E esperançados em que esta nossa participação possa ser o princípio de uma “longa colaboração” tal como dizia a deixa famosa do filme Casablanca, que tanto inspirou os democratas à unidade.

Um comentador da situação, disse esta semana na televisão que a esquerda à esquerda, sobretudo a esquerda que está disponível para discutir a futura governação do país e nela assumir responsabilidades se necessário, em nada acrescentaria à força própria do PS, e que nem contaria para acumular força eleitoral e com soluções para o país.

Camaradas, a realidade que hoje aqui vimos, é que há esquerda, há esquerda que quer derrotar o governo do austeritarismo e quer, e compreende, como é importante conquistar uma solução de governo em conjugação do centro-esquerda e da esquerda. Nós, e falo do Livre e de todas as organizações e movimentos que à esquerda, como o Manifesto, crescem em consciência da necessidade de contribuir para uma saída política, nós, dizia, vamos mostrar, estou certo, em como os vaticínios dos comentadores emissários da maioria governamental, estão errados! Eles estão preocupados e tentam exorcizar esta vontade da esquerda em ajudar Portugal a encontrar uma saída que tire o país da tutela do austeritarismo.

Hoje, a principal obrigação da esquerda é a de contribuir para retirar o elo governamental português da cadeia que amarra a União Europeia à estagnação, e impede os povos de usarem as gigantescas possibilidades económicas do continente para gerar mais riqueza, mais coesão e solidariedade nacionais.

Nós condenamos a política austeritária por ser errada e contrária à evidência científica. Todos sabemos as aldrabices a que os seus autores recorreram para verem publicadas as suas teses. Nós sabemos que não é a ciência que fundamenta o austeritarismo. Antes é o interesse do capitalismo financeirizado que vive das rendas e dos dividendos, da especulação, da pirataria dos off-shores, dos hedge-funds e das operações de ganguesterismo bancário. O austeristarismo é anti-cientifico mas é a ideologia extremista dos mercados. E atenção! Nós percebemos a tentativa de chantagem moral com que nos querem impingir dizendo que fomos nós que andámos a viver acima das nossas possibilidades. Que foi a rapariguinha do shopping que andou a comprar uma torradeira a prestações que se endividou em demasia. Não meus amigos, nós sabemos que quem andou a estafar os recursos e a viver à grande, foram e são as classes dominantes. Nós sabemos que os de baixo são racionais nas suas opções pois não têm outro remédio se não viverem dentro, e abaixo, das suas possibilidades. Nós sabemos que, para trazermos todos os povos do mundo para o perímetro da civilização, tem a riqueza produzida no planeta de ser melhor redistribuída e isso é incompatível com o esbanjamento e o desperdício inerentes ao comportamento das classes dominantes.

Nós queremos uma política de estímulo económico, mas queremos uma política seletiva. O Keynesianismo poderá funcionar se for para apostar em projetos uteis, se servir para criar emprego de qualidade e com sustentação, se conduzir à geração de uma sociedade realmente mais próspera. Nós queremos romper com a herança dos financiamentos públicos para alimentar os vícios privados. Nós queremos um governo que não só se demarque do austeritarismo enquanto linha económica reacionária, mas que abra caminho a uma remodelação económica progressista onde os recursos sejam postos ao serviço de todos.

Queridos amigos, nós temos a consciência de como o centro-esquerda é o fulcro para uma mudança política. É com ele que nós queremos construir uma solução. E sabemos que negociar, quer seja entre nós, quer seja com o PS não é fácil. Precisamos de construir uma linha programática credível, minuciosa, baseada nos objetivos que a Constituição estabelece e que tanto nos ajudou a travar os propósitos destruidores do governo da direita. Nós devemos desenvolver o caderno de encargos políticos que dê confiança ao eleitorado de esquerda em como seremos fortes na negociação e responsáveis na viabilidade das propostas.

Só um polo de convergência à esquerda assente na responsabilidade política, conseguirá força suficiente para mudar para a esquerda a resultante política no País. Só a credibilidade programática dará confiança aos portugueses e também a muitos eleitores do espaço socialista e comunista em como é possível a seriedade voltar a ser categoria normal na política portuguesa. Só pelo rigor programático daremos combate às derivas populistas dos que trepam na demagogia anti-política, e dos que preferem permanecer no conforto da oposição fácil e desresponsabilizante, à sua maneira, também, uma forma de demagogia oposicionista. Pela nossa parte, caros amigos, a nossa associação deseja ardentemente que se consiga uma vasta convergência de personalidades e movimentos para configurar um polo de convergência que venha a ter impacto real na vida portuguesa!

Anotámos a afirmação, com propriedade, de que podem ter começado os últimos dias de vida do governo de direita. Mas ainda falta algum caminho para transformar a energia que as movimentações sociais mobilizaram nestes anos numa nova realidade política. Para se alcançar esse desígnio é muito importante que a esquerda se organize para a batalha e que a esquerda e o centro esquerda, consigam realmente convergir. É muito importante que o Livre tenha sucesso e que seja possível alcançar um polo de convergência à esquerda.

Os nossos maiores votos para o sucesso do Livre e da esquerda.

Agora é trabalhar para abreviar os dias que restam ao governo de Passos e Portas e para que a direita seja remetida para a oposição e para o nojo político por todo o mal que andaram a fazer a este país!


 

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