A não ser travada pela força da mobilização popular, a ofensiva que este governo desencadeou, desde que tomou posse, contra as condições de vida dos portugueses, visa exclusivamente usurpar os rendimentos do trabalho e as contribuições fiscais destinadas à provisão de serviços públicos para o pagamento do serviço da dívida. É neste objectivo que se concentra e resume a política do governo, quando procede ao aumento dos escalões do IRS e à intenção de refundar as funções sociais do Estado.

Com um Presidente da República omisso, e considerando as hesitações do PS em tornar mais exigente a natureza da sua oposição, cabe ao movimento sindical e à iniciativa popular no seu conjunto tomarem a ofensiva dos acontecimentos, antecipando-se a novas medidas de austeridade que estas políticas anunciam, prevenindo as consequências sociais delas decorrentes.

Fazê-lo é também contribuir para travar as tensões políticas presentes em todos os sectores da vida dos portugueses, cuja exasperação está a torná-los impacientes quanto ao desfecho da actual situação. Para a Renovação Comunista é dentro do quadro constitucional que se devem encontrar as respostas para a actual situação. E para o efeito é condição necessária devolver a palavra aos eleitores para eles se pronunciarem sobre as alternativas que querem percorrer daqui para a frente.