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11 DE OUTUBRO DE 2012, QUINTA FEIRA
Nota editorial da NewsLetter de Setembro de 2012
As manifestações que em 15 de Setembro encheram as ruas e as praças do país dividiram o tempo político da democracia portuguesa num antes e num depois daquela data. Naquele dia, a aparente resignação dos portugueses com as medidas de austeridade que lhes foram impostas deu lugar a uma inequívoca demonstração de hostilidade a uma medida que, pela sua iniquidade, resumia todas as medidas que têm sido tomadas para satisfazer um programa cuja aplicação está a ser uma demonstração de, como em pouco tempo, se destrói a economia e o tecido social de um país. Simbolicamente, em 15 de Setembro o povo tomou a decisão de destituir o governo.
Os dias que se seguiram vieram confirmar essa decisão: na oposição o clamor de indignação não pára de subir de tom; nos partidos da coligação e no seio do próprio governo são indisfarçáveis as fracturas e as invectivas verbais de alguns dos seus membros mais proeminentes. Só falta mesmo o Presidente da República tomar a decisão de pôr termo à tragédia em que se transformou a acção deste governo.

Articulado com o significado do 15 de Setembro, o Congresso Democrático das Alternativas colocou em confronto várias vozes que se reclamam da esquerda, resultando numa demonstração de que neste campo as diferenças são compatíveis de articular e que existem caminhos a explorar cujo sentido podem dar lugar a uma resposta que retire os portugueses do garrote financeiro em que o colocaram.

À velocidade e imprevisibilidade com que os acontecimentos políticos estão a desenrolar-se, estes dois sinais são demonstrativos de que se tornou uma prioridade começar a tratar a agenda da governabilidade do país, interpelando para o efeito tanto o PS como o PCP e o BE. Porém, o que também se pode considerar como resultado do Congresso Democrático das Alternativas é a necessidade da reconfiguração na representação política do eleitorado que se situa no espaço entre o PS e o PCP. Considerando a hipótese de nos próximos anos as maiorias absolutas estarem excluídas, dado o estado de espírito dos eleitores, isso só reforça a tese de que uma solução inclusiva naquele espaço, ao tornar-se eleitoralmente relevante, pode vir a constituir um acontecimento que desbloqueie as desconfianças reinantes e contribua para imprimir outra dinâmica à esquerda.


 

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