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09 DE OUTUBRO DE 2012, TERÇA FEIRA
Carlos Luís Figueira
Para Jornal do Algarve
O prometido é devido e aqui estou de volta numa feliz coincidência, pelo que me fui dando conta, neste inicio de Outubro de semana republicana, pleno de acontecimentos, todos eles prometendo, de entre outras questões de maior volume, que contra todas as homilias e velórios, o 5 de Outubro como o 1º. De Dezembro, continuarão a figurar no futuro como dias de festa tal como as restantes datas do calendário religioso, parte da nossa identidade cultural, que este governo tinha decidido suprimir.
Semana precursora de mudanças anunciadas pelo clamor de 15 e 29 de Setembro, traduzida a plenos pulmões num grito enorme de “ Basta “ que ecoou em todo o País, e que tem no caricato episódio do hastear ao contrário da bandeira nacional pelo Presidente da República, numas comemorações cercadas pela policia, com ministros a saírem pelas portas de trás, sem povo, o que não impediu que corajosas mulheres, cada umas a seu modo, conseguissem furar a barreira para expressar o seu protesto - evidentes sinais prenunciadores de mudança.

Aspiração a mudança mobilizou neste mesmo dia 5 de Outubro cerca de 2.000 congressistas, no Congresso Democrático das Alternativas no qual, como um dos primeiros subscritores me inclui, enchendo a deitar por fora a Aula Magna da Universidade de Lisboa, metade deles provenientes dos mais distantes pontos do País, para analisar a situação do País e discutir os termos e propostas que dessem corpo a uma plataforma politica, programática, susceptível de congregar forças de esquerda, compostas não só pelos partidos tradicionais, mas integradora dos que não se revêem nas posições politicas de tais Partidos, como aglutinadora do amplo e diverso movimento que hoje se exprime através das redes sociais no espaço virtual. Ali esteve o que de mais expressivo e valoroso temos da elite nacional de obra e pensamento à esquerda, como de multidão generosa no seu empenhamento para contribuir para outras soluções para o País.

Apesar dos excessos de algum radicalismo, do voluntarismo de algumas propostas em debate, da eventual frustração de quem esperava mais, na expectativa que dali poderia sair um movimento refundador de toda a esquerda, da tentativa de apropriação indevida da iniciativa por parte do Bloco de Esquerda, foi bom de ver e de estar. Sobretudo porque daqui pode ter saído o que a situação presente justificava. O inicio de um novo caminho, seguramente com bastantes calhaus rolados a dificultar a marcha, mas que torna claro que apesar das dificuldades e compromissos que o Pais enfrenta, existem outras politicas, outras soluções, para resgatar Portugal do aprisionamento em que se encontra pelo capital especulativo, fruto da incompetência, arrogância de quem, acidentalmente, para mal dos nossos pecados, tomou em nome do mais vil servilismo as rédeas da governação.

De resto neste 5 de Outubro, volumoso de acontecimentos, cabe referir ainda a importante intervenção de António Costa, como Presidente da Câmara de Lisboa, sobretudo porque recentra o que está em causa para o futuro do País e nesse sentido se distancia do tacticismo de Seguro cuja expressão recente se traduz na inadequada proposta, em tempo e em conteúdo, visando a redução do número de deputados no Parlamento e assim distorcendo o que de essencial o momento politico exige, ou seja, centrar na exigência da rápida consulta ao povo, através de eleições antecipadas para a Assembleia da República, a resposta que em democracia tem de ser encontrada para resgatar Portugal da situação presente e construir um futuro decente para as presentes e futuras gerações.

cluisfigueira@sapo.pt

2012-10-08


 

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