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05 DE JUNHO DE 2010, SÁBADO
POR: Cipriano Justo
A oportunidade
Cipriano Justo analisa as perspectivas da eleição presidencial à luz da decisão do PS de apoiar o candidato Manuel Alegre.
O Partido Socialista tomou a única decisão que pode contribuir para a clarificação do campo político que quer ocupar nas eleições presidenciais. Uma decisão inquestionável pela robustez do resultado da votação e pela declaração pública do seu secretário-geral. Se apesar das reservas de alguns dos seus dirigentes mais ninguém acabou por dar um passo em frente, quer das suas fileiras quer da sua área de influência, e teve cinco anos para o fazer, é porque, tudo visto e ponderado, Manuel Alegre foi considerado como sendo, sobretudo nas actuais circunstâncias, como o candidato melhor colocado para bater Cavaco Silva e por arrastamento os sonhos da direita de regressar ao poder. Pelas declarações de alguns dirigentes do PS podia ficar-se com a ideia de que esta era a altura de o partido retribuir a Cavaco Silva, enquanto líder PSD, o apoio por ele manifestado ao segundo mandato de Mário Soares. É o próprio que de uma maneira enviesada tem manifestado esse propósito quando inventa uma espécie de intermediário para exprimir a sua preferência pelo candidato da direita.

Tenha-se em vista que o resultado da eleição presidencial encerra duas decisões: qual vai ser o Presidente da República que vai acompanhar o período mais crítico da actual conjuntura e que governo vai gerir esse período. O Partido Socialista fez a sua escolha. Relativamente ao Presidente da República quer que ele seja Manuel Alegre, quanto ao governo será com este candidato que terá a oportunidade de proceder às correcções e ajustamentos políticos que tornem a austeridade em que vamos estar mergulhados durante os próximos anos mais austera para quem mais lucrou com as folgas. Nem sequer é duma questão ideológica que se trata, é tão-somente um assunto de equidade. Por agora. A esse propósito a manifestação de 29 de Maio promovida pela CGTP foi eloquente, quer na participação quer nas exigências. E na contribuição que deu para precisar os responsáveis e os seus aliados pela situação em que nos encontramos.

A alternativa, em caso de vitória de Cavaco Silva, seria a aplicação de um programa de responsabilização do actual governo por tudo o que correu mal, mesmo pelo que, em rigor, não lhe pode ser imputável. E ancorada nessa argumentação a direita - a institucional mas também a que se mantém de reserva com um olho nas dificuldades crescentes de largos sectores da população e com o outro nas reservas que começam a emergir ao actual quadro político, de que o apelo à redução do número de deputados é só o começo de outras exigências - teria quatro anos pela frente para, finalmente, rasgar o que ainda se mantém de Estado Social e promover uma política de ajustamentos do sector financeiro e produtivo cujos beneficiários não é preciso ser muito imaginativo para se saber quem seriam.

Ao associar o seu futuro próximo ao resultado eleitoral de Manuel Alegre, o PS dá um importante sinal sobre o caminho que está disposto a percorrer para a saída da crise. E José Sócrates ao declarar que “Apoio Manuel Alegre de forma convicta, em nome de uma visão progressista para o país. Acho que Manuel Alegre é um homem de cultura, um homem de espírito, que conhece a cultura e a História portuguesa. Entendo que estamos perante uma candidatura que honra o país e à qual o PS adere” assume porventura o compromisso mais importante da sua vida política.


 

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