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17 DE OUTUBRO DE 2010, DOMINGO
Duas perguntas a Paulo Fidalgo (PF)
Eleições Presidenciais
Como comentas as sondagens presidenciais, nomeadamente a mais recente, do Correio da Manhã, de 13-10-10? Achas que se consegue uma maioria presidencial à esquerda apesar das enormes divergências que hoje marcam as perspectivas da esquerda quanto à governação?
  1. Como comentas as sondagens presidenciais, nomeadamente a mais recente, do Correio da Manhã, de 13-10-10?

    Cavaco Silva: 55,1%
    Manuel Alegre: 35,7%
    Fernando Nobre: 7,1%
    Francisco Lopes: 1,9%
    Defensor de Moura: 0,2%


    PF: Creio que há uma tendência a retirar da sucessão conhecida das sondagens: um certo recuo do score favorável de Cavaco Silva e uma progressão interessante de Manuel Alegre, ao ponto, posso dizê-lo , de ser legítimo alimentar-se a esperança de uma efectiva disputa para a segunda volta. O score baixo no entanto de Francisco Lopes parece traduzir apenas o facto desta candidatura estar em início de movimentação, e isso não ter ainda sido assumido verdadeiramente pelo eleitorado da esquerda. Se, de facto, a candidatura comunista aumentar a sua marca, para um nível mais de acordo com a influência do PCP, isso poderá dar à aritmética da esquerda uma maior perspectiva de desafio a Cavaco Silva. Em todo o caso, a mensagem é no sentido de que a campanha vai polarizar as vontades do eleitorado e colocar de facto, frente a frente, dois projectos que disputarão com intensidade a vitória em Janeiro de 2011.


  2. Achas que se consegue uma maioria presidencial à esquerda apesar das enormes divergências que hoje marcam as perspectivas da esquerda quanto à governação?

    PF: Sem dúvida que esta é a situação de quadratura do círculo que a Renovação Comunista tem discutido no seio da nossa Associação.

    Aparentemente, seria impossível alimentar uma vasta convergência democrática no perímetro das eleições presidenciais ao mesmo tempo que o governo do PS é tão fortemente contestado pela esquerda, ao ponto de se avançar no curto prazo, por exemplo, para uma greve geral.

    O que muitos camaradas não deixam de sublinhar é o facto de, na vida e nas leis naturais, muitas vezes a ciência elaborar sínteses que são verdadeiras quadraturas de círculo.

    Estou a falar da física quântica e de outras teorias explicativas de fenómenos naturais. Na história das sociedades, da economia e da luta de classes, quantas vezes se verificam convergências em determinados assuntos, ao mesmo tempo que se mantêm e até intensificam controvérsias noutros.

    O PSD colocou ao país a sua saída para a crise e o putativo candidato Cavaco Silva ainda não a enjeitou, ao defender que as dívidas se saldam sobretudo com a venda de activos e as privatizações nos sistemas colectivos major como a educação pública, o Serviço Nacional de Saúde, a Segurança Social pública, e mesmo a Caixa Geral de Depósitos, mais do que ir na via de aumentar impostos e da retração da despesa, através de cortes nos rendimentos do trabalho, como tem sido o sentido da proposta do governo.

    À saída que o PSD propõe, o povo parece dizer com clareza que não quer. Não quer alienar aquilo que gerações e gerações de trabalhadores construíram e não querem ver esses activos desbaratados pela política cega proposta pelo PSD. Por outro lado, exige que Cavaco se defina face a esta proposta do PSD e desconfiam que, afinal, Cavaco Silva alinha com as propostsas extremistas do PSD.

    É claro que a esquerda quer outra política, os trabalhadores compreendem cada vez mais como seria importante uma reestruturação de fundo com muito mais regulação relativamente à especulação financeira e à actividade das bolsas e da banca, com mais exigência para que se forme e utilize para o bem comum um verdadeiro polo financeiro público e desejam afinal uma grande compromisso social para o emprego e o relançamento da prosperidade económica. Neste sentido, acham que as propostas do governo não são mais do que remendos que adiam a tomada de medidas de fundo, que evitam e hesitam em mexer no status quo económico e que, sem reorganizar a economia, o mais certo é daqui a pouco estarmos outra vez confrontados com a dureza de mais medidas ao jeito de um PEC IV.

    Porém, nunca uma nova política económica como aquela que os trabalhadores cada vez mais ensaiam defender, poderia acontecer num clima de devastação e horror económico como aquele que resultaria da proposta de revisão constitucional do PSD. Pelo contrário, é no desenrolar das tensões com a perspectiva imobilista do governo mas ainda assim situada num quadro de propriedade estatal e de controlo político das orientações económicas, que as propostas do governo ainda reiteram, que toda a dialéctica sobre os novos caminhos terá condições de se afirmar. Ora, e isso parece-me absolutamente crítico, é a candidatura e o projecto de Manuel Alegre que criam um espaço para que as verdadeiras saída para a crise possam perfilar-se e disputar a vontade e as escolhas do eleitorado da esquerda. Manuel Alegre é o lugar possível mas contingente para que o futuro do país possa ter oportunidade de ser discutido e formatado. Pelo contrário, a candidatura de Cavaco, por não ser clara relativamente às propostas de horror económico do PSD, é aquela onde o abismo se perfila e a inquietação grassa. Acho que esta difícil equação acabará por ser compreendida e daqui sairá derrotada a mega operação radical do PSD....


 
Eleições presidenciais
Enviado por Teresa Fonseca, em 18-10-2010 às 10:25:30
Com esta situação desesperada e inédita que atravessamos será que ainda existe em Portugal maioria de esquerda?
A falta de alternativas consistentes por parte da esquerda em crise e sempre dividida não conduzirá ao afastamento de muitos cidadãos da participação política, designadamente eleitoral?
Há que ganhar os indiferentes e desiludidos. E os que baixam os braços perante a perpectiva de uma vitória folgada de Cavaco nas sondagens.
Conseguiremos ser a luz ao fundo do túnel?
Só sei uma coisa. Não podemos nunca baixar os braços.
Mas perante esta crise global do capitalismo, que tanta razão vem dar a Marx, temos de proceder a uma reflexão profunda do papel concreto da Esquerda, incluindo ao nível presidencial, na sociedade portuguesa e europeia.
Teresa Fonseca

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