 19 DE JUNHO DE 2008, QUINTA FEIRA FONTE: O Público POR: Domingos Lopes Somar à esquerda é juntar todas as esquerdas "Ali não estava toda a esquerda e só toda a esquerda junta pode encontrar o caminho para a alternativa no combate à precariedade, ao desemprego, à miséria, ao fosso entre os ricos e a maioria pobre, à defesa do sector público, à luta contra a corrupção, e por uma justiça para todos os cidadãos. A ver vamos. Se cada ficar contente no seu canto, Sócrates e os seus continuarão a fazer o que têm feito. "
O que conta, em termos de combate ao Governo de Sócrates, é o alargamento da base de apoio de uma alternativa
Manuel Alegre é o que é. E também o que foi, mas igualmente o que se pode imaginar que será. O Bloco de Esquerda é sobretudo o que é. E o que poderá vir a ser. E por maioria de razão a Renovação Comunista, dado que é menos, pela idade e pela força.
É assim com os sujeitos históricos: cidadãos ou instituições. O PCP é muito do que foi e do que é, se bem que muito do que foi não tenha muito a ver com o que é.
O PCP foi ao longo de décadas o partido que mais lutou pela unidade antifascista, pela unidade democrática e das massas populares, fazendo muitas vezes para alcançar esse objectivo das tripas coração.
Há certamente na história da luta antifascista e da própria revolução páginas interessantíssimas dessa luta pela unidade.
Ora o que cada um foi pode não ser decisivo face ao que cada um é.
A sorte de Sócrates é, para além da correlação de forças internacionais favoráveis, a divisão das esquerdas.
Naturalmente que, ao colocar-se ao centro-direita, Sócrates e o PS sabem que perdem votos para o PCP e BE, mas também sabem que esses votos podem não ser suficientes para não continuar a governar.
Se cada um ficar contente com o seu próprio reforço (a acontecer), mas a politica continuar a mesma, esse esforço não atingiu o objectivo pretendido de alcançar uma alternativa.
Sócrates continuará com a sua politica anti-social, responsável há três anos pela desgraça que varre Portugal.
Se Mário Soares e Manuel Alegre, cada um no seu estilo, criticarem aquela politica, não cabe um exercício acerca das intenções com o que fazem. Cabe sim aferir que a politica de Sócrates é tão má que Mário Soares e Manuel Alegre a criticam.
O que conta em termos de combate ao Governo de Sócrates é o alargamento da base de apoio de uma alternativa, e não da alternância de Manuela Ferreira Leite.
Mas Manuel Alegre não disse que mais valia ser ceguinho que fazer uma aliança com o PCP? Disse! E o PCP não disse em Congresso que nunca votaria em Mário Soares? Disse e num gesto de grande valor democrático emendou a mão.
Tudo isto vem a propósito da Festa Aqui Agora.
Somar esquerda à esquerda é imperativo, mas que se desiludam os que pensam que pode haver alternativa sem o PCP, doa a quem doer.
É, por isso, necessário muito trabalho para somar tudo e não somar à pressa, tirando partido de dificuldades antigas e presentes para apresentar o trabalho já feito.
Será que se deu o primeiro passo no dia 4 de Junho no Teatro da Trindade?
Se as palavras dos oradores forem levadas à letra e à prática pode ter acontecido, doa a quem doer.
Ali não estava toda a esquerda e só toda a esquerda junta pode encontrar o caminho para a alternativa no combate à precariedade, ao desemprego, à miséria, ao fosso entre os ricos e a maioria pobre, à defesa do sector público, à luta contra a corrupção, e por uma justiça para todos os cidadãos. A ver vamos. Se cada ficar contente no seu canto, Sócrates e os seus continuarão a fazer o que têm feito.
Militante do PCP. Subscritor da Festa 1974-2008 Abril e Maio Agora Aqui
Somar esquerdas Enviado por Martins Coelho, em 20-06-2008 às 14:12:04 Só é possível somar as esquerdas que se querem somar.
Esperar por todas as esquerdas é utopia. Melhor avançar com um processo que some algumas esquerdas que possam dinamizar a esquerda e lançar um movimento que lance dinamismo e confiança. Existem denominadores comuns em toda a esquerda mais fortes que as diferenças. O mal da esquerda é que as diferenças acabam sempre por vir ao de cima e dinamitar a possibilidade de unidade em momentos cruciais.
Quem tudo quer tudo perde! |