08 DE JANEIRO DE 2008, TERÇA FEIRA POR: Cipriano Justo ainda o livro "Purga em Angola" A um comunista não se dá de comer, dá-se porrada "Não avançando para uma explicação polÃtico-ideológica do fenómeno, os autores fornecem, contudo, pistas para uma visão do que estava realmente em causa no MPLA, as quais, interpretadas à distância de trinta anos, evidenciam a necessidade de se continuar a analisar o que representou a influência da União Soviética no processo de desenvolvimento dos paÃses saÃdos da luta de libertação nacional."
Purga em Angola, de Dalila Mateus e Augusto Mateus constitui uma contribuição relevante para a compreensão do significado dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, em que estiveram envolvidas dois sectores do MPLA, essencialmente protagonizados por Nito Alves, José Van Dunen e Balakoff, de um lado, e Agostinho Neto, Lúcio Lara e Iko Carreira, do outro lado. O livro é um documento que reúne documentação e depoimentos de figuras polÃticas envolvidas na vida polÃtica angolana, resultando num relato da situação que autoriza a ficar-se com uma visão mais global da conjuntura polÃtica que deu origem à queles acontecimentos. Não avançando para uma explicação polÃtico-ideológica do fenómeno, os autores fornecem, contudo, pistas para uma visão do que estava realmente em causa no MPLA, as quais, interpretadas à distância de trinta anos, evidenciam a necessidade de se continuar a analisar o que representou a influência da União Soviética no processo de desenvolvimento dos paÃses saÃdos da luta de libertação nacional.
Deve ter-se presente que o 27 de Maio se verificou numa conjuntura particularmente complexa em Angola. Rechaçada a tentativa de invasão pelas forças sul-africanas no ano anterior pelas forças conjuntas das FAPLAS e dos destacamentos cubanos, mantiveram-se contudo as hostilidades com a UNITA e a FNLA num clima de guerra civil que havia de durar ainda vários anos. Esta segunda guerra de libertação era liderada, no plano militar e do lado angolano, pelos guerrilheiros da 1ª Região Militar, na qual avultava Nito Alves, a mesma que durante a guerra colonial manteve o domÃnio do MPLA sobre a região em torno de Luanda e permitiu a proclamação da independência em 11 de Novembro de 1975, quando o restante território estava ocupado pelas forças sul-africanas ou pela UNITA. Tanto da primeira como da segunda guerra de libertação emerge sempre a fracção armada do MPLA representada pela 1ª Região Militar, onde se acantona o grupo que há-de dar origem à Revolta Activa e à luta dentro das fileiras do MPLA.
Outro aspecto a ter em conta é a realização do Congresso do MPLA anunciado para Dezembro desse ano. O que Purga em Angola sugere é que para essa reunião iriam confrontar-se duas linhas polÃticas dentro do MPLA cada uma delas reivindicando a sua legitimidade em pressupostos que acabaram por se auto-excluÃrem – o MPLA histórico, que liderou a luta do exterior, e o MPLA do interior, que combateu na 1ª Região Militar e chegou ao 25 de Abril com o domÃnio da capital. É politicamente aceitável que a dimensão nacionalista constituÃsse um dos aspectos que distinguia as duas linhas, dado a linha da 1ª Região Militar ter constituÃdo a principal força combatente durante os quinze anos de guerra. Fica, porém, por esclarecer o que é que no plano programático e partidário distinguia os dois lados. Como fica por esclarecer o papel desempenhado pelos governos cubano e soviético ainda que seja conhecida a opção tomada pelos blindados cubanos na manhã daquele dia.
O resultado foram vários milhares de mortos e a execução sumária, entre outros, da nossa camarada Sita Valles. Aqui fica a homenagem ao seu espÃrito combatente e à sua coragem.
questão Enviado por alves, em 19-01-2008 às 21:44:57 O que quer dizer a frase em subtitulo?
"A um comunista não se dá de comer, dá-se porrada"
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