12 DE OUTUBRO DE 2014, DOMINGO Cuidado que o Soberanismo pode ser uma forma de conservadorismo Paulo Fidalgo Marx e Engels não nos deixaram uma teoria sistemática do nacionalismo e da formação das nações. É precisamente pela falta que faz uma tal teoria que se deve debater e pesquisar e fazer avançar o pensamento. Erica Benner escreveu o famoso "Really existing nationalisms" (Os nacionalismos realmente existentes) já nos idos de 1996 e de onde se podem retirar importantes questões para o debate polÃtico. Uma afirmação relevante para a discussão nacional com a corrente soberanista situada no PCP, em setores do BE e da esquerda inorgânica, bem como no próprio PS é a questão da relação entre nação e transformação, polÃtica, social e económica. Erica Benner escreve:
“Engels conclui portanto que um movimento nacionalista não reformador, dirigido contra a opressão externa, mas que deixa intactas as relações de classe e as instituições polÃticas que geraram os fundamentos da opressão nacional por nações estrangeiras, não devem merecer apoio democráticoâ€.
É uma afirmação baseada no escrito de Engels sobre a partilha da Polónia pela Prússia, Ãustria e Rússia…em 1848…
A discussão portanto sobre os soberanistas portugueses, se quisermos extrapolar a reflexão de Erica Benner, é de lhes dizer que até nem é tanto o seu patriotismo que é constrangedor – ainda que os internacionalistas não cantem loas ao patriotismo – mas o que é preocupante é a falta de sentido reformador que esse pendor soberanista exprime….ou realmente não exprime. Ao escolher o terreno exclusivamente monetário, como se a polÃtica fosse apenas uma questão de moeda, como aliás querem fazer querer os ortodoxos do Bundesbank, o movimento soberanista abdica de facto de um investimento progressista…. E é por isto também que há uma dificuldade no compromisso com esta corrente. Isto é, estabelecido que for o desacordo, só depois é que será possÃvel o compromisso entre partes distintas que concordem em não dirimir no imediato a questão e conjugarem esforços para entendimentos imediatos que retirem Portugal da alçada das forças monetaristas e austeritárias.
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