 18 DE SETEMBRO DE 2010, SÁBADO Catarina Andrade Fidalgo Inception O filme Inception, escrito e dirigido por Christopher Nolan, transporta-nos a um lugar difícil de materializar – o sonho. Ali, no pântano do subconsciente, presume-se residirem as mais valiosas motivações para as acções e condutas de todos nós. Esta é uma premissa sem originalidade mas permite traçar as fundações do filme. É habilidosa a forma como somos seduzidos para este conceito de consciência: um sonho dentro de um sonho, dentro de outro sonho… Como uma matrioska que se desmonta para chegar a níveis cada vez mais obscuros de nós. Mas aqui o sonho não é uma construção do próprio, é algo arquitectado com um objectivo de espionagem, a extracção de informações.
Embora muito bem conseguido não se trata de nada de verdadeiramente inovador, apenas uma visita aos ensinamentos de Freud e à disciplina da hipnose aditivada de muitos efeitos especiais.
Para além de uma atmosfera perturbadora, imagens muito poderosas e a eficácia de nos transportar ao limiar da esquizofrenia o filme deixa duas ideias subversivas. Não há nada mais resiliente, mais contagioso do que uma ideia. Uma ideia desde que alicerçada numa conotação emocional válida, é capaz de ruminar em nós, até vingar sobre todas as outras. Inception é um conceito bastante poderoso: fazer germinar uma ideia na mente de outro sem que ele perceba que ela lhe foi sugerida. Porque uma ideia será muito mais poderosa se o sujeito tiver a ilusão de que esta foi uma ideia sua, uma descoberta sua, algo que surgiu espontaneamente e livremente no seu espírito.
Que uma boa ideia germine em todos nós…
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