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13 DE DEZEMBRO DE 2010, SEGUNDA FEIRA
António Avelãs
A que se deve a não resposta do movimento laboral internacional?
Quando terminámos há um ano o encontro em Portugal da Conferência Sindical Europeia propusemo-nos continuar a desenvolver esforços para que a presença da CSI entre nós fosse mais visível de modo a dar consistência à tese que temos vindo a defender : a CGTP-IN deve aderir à CSI abandonando a pretensa equidistância forjada no último Congresso entre a CSI e a FSM.
Nota prévia: o texto que se segue é a adaptação para um registo mais formal da intervenção de abertura proferida no dia 6 de Novembro para o “CSI 2010-Novos Caminhos para Sair da Crise†– realizado em Lisboa.

  1. Quando terminámos há um ano o encontro em Portugal da Conferência Sindical Europeia propusemo-nos continuar a desenvolver esforços para que a presença da CSI entre nós fosse mais visível de modo a dar consistência à tese que temos vindo a defender : a CGTP-IN deve aderir à CSI abandonando a pretensa equidistância forjada no último Congresso entre a CSI e a FSM. Não fizemos muito – o número de sindicatos da CGTP que suporta oficialmente esta tese têm apenas mais dois aderentes. Mas esta continua a ser uma discussão necessária entre os sindicalistas portugueses. Tanto mais que se aproxima novo Congresso da Central.
    A CGTP-IN foi convidada a estar presente nesta Conferência. Em termos diplomáticos, declinou o convite. Foi pena.(Nota: não é segredo para ninguém que esta Conferência da CSI, sendo embora uma iniciativa autónoma, se fez “encostadaâ€, de facto, ao Congresso da Tendência Sindical Socialista na CGTP-IN. Contudo para ela foram convidados todos os sindicatos da CGTP-IN e vários sindicalistas que não são da corrente socialista – é o meu caso – nela participaram. Fugir ao debate nunca deu bons resultados!)

  2. A questão que urge discutir é quais as estratégias sindicais de resposta a uma profunda crise social e económica que atinge a Europa, na sequência da crise financeira norte-americana e, por efeito da globalização económica, muitos outros países. O que constatámos é uma enorme lentidão e descoordenação do movimento sindical internacional – no caso, a Confederação Europeia de Sindicatos (CES) e a CSI. Lentidão, descoordenação é o mínimo que se pode dizer. Porque se pode também equacionar um outro factor: o da incapacidade. A CES, ao que nos dizem, atravessa uma grave crise interna, nomeadamente de liderança; da CSI pouco ou nada se sabe. Convém ter presente o fraco impacto geral que teve a iniciativa de tornar o 29 de Setembro num dia de luta europeia. Em Portugal, a CGTP-IN promoveu duas manifestações razoáveis - uma no Porto, outra em Lisboa. Da UGT nada se viu. Alegrámo-nos com a Greve Geral na Espanha. Mas pouco mais se viu – ou pelo menos, pouco mais se soube. Para um dia de luta europeia foi de facto muito pouco!
    (Nota: posteriormente, chegou a pensar-se numa acção geral à escala europeia para 15 de Dezembro. Ninguém sabe o que se passa!)
    À eficácia da organização internacional dos poderes capitalistas – os G8, os G20, cimeiras atrás de cimeiras, (não) responde o movimento sindical com paralisias internas, desarticulação ou incapacidade. Os trabalhadores merecem muito mais.

  3. As acções de rua continuam a ser muito importantes como forma de luta dos trabalhadores. Dão uma visibilidade que incomoda, criam força, dão ânimo. Se os sindicatos, como forças organizadas, não assumirem a “ruaâ€, outras forças mais inorgânicas o farão, podendo enfraquecer os sindicatos. Não creio que os trabalhadores fiquem a ganhar com a troca. Mas há objectivamente um “exército†de precários e de desempregados, legitimamente desesperados, que se poderão revoltar contra a ineficácia e falta de audácia dos sindicatos.

  4. Não alimentamos o princípio de que a luta é um fim em si mesmo – a luta pelo dever de lutar é um disparate. Sabemos que a obtenção de resultados que melhorem a vida dos trabalhadores exige negociação e só a obtenção de resultados reforça os sindicatos. Mas também sabemos que só a manifestação de força obriga os patrões – e os estados-patrões – a negociar e a ceder. A denúncia da “luta pela luta†tem de ser acompanhada pela denúncia de estratégias que tornem os sindicatos meros instrumentos da dominação capitalista – os sindicatos ao serviço do poder dominante. Este é o desafio que se põe à CSI – oxalá ela seja capaz de o assumir.

  5. Uma última dúvida: não será possível, dadas as evidentes dificuldades de movimentar todas as forças sindicais europeias, porque não organizar uma acção conjunta das estruturas sindicais dos países desdenhosamente baptizados de PIIGS, onde os trabalhadores estão a ser violentamente fustigados, obrigados a suportar uma crise que os especuladores financeiros provocaram?


 

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