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09 DE SETEMBRO DE 2013, SEGUNDA FEIRA
FONTE: Jornal do Baixo Guadiana
POR: Carlos Brito
Urbano Tavares Rodrigues
Carlos Brito presta homenagem a Urbano Tavares Rodrigues, o escritor comunista recentemente desaparecido e realça o marxista e o comunista de pensamento próprio que o escritor sempre mostrou cultivar.
Este espaço habitualmente dedicado aos livros, é hoje preenchido com a homenagem à memória de um autor dos mais importantes da literatura portuguesa contemporânea.
Falamos de Urbano Tavares Rodrigues, que partiu para sempre, no passado 9 de Agosto, deixando um grande vazio na vida nacional.
Escritor, docente universitário, combatente antifascista e lutador pela liberdade marcou a cultura e a política do país ao longo de mais de 70 anos.
Foi um homem de letras em toda a acepção da palavra, praticando quase todos os géneros literários: romance, conto, ensaio, crítica, crónica, reportagem, e a todos imprimiu a marca da poesia.
«Escrevo muitas páginas dos meus livros como se estivesse a escrever um poema» - confessou.
Tornou-se mais conhecido como grande romancista e foi sobretudo através romance que se distanciou do neo-realismo, abraçando uma estética onde as problemáticas individuais ganham grande relevo, sem abandonar as preocupações colectivas e sociais.
Como combatente antifascista esteve preso, viu livros seus cortados pela censura e apreendidos pela PIDE, foi forçado a um longo exílio.
Homem de esquerda, ligou-se cedo ao PCP e fez questão de manter essa ligação até morte.
Mas era um comunista com um discurso muito próprio:
Em 1997, numa entrevista que concedeu a Maria Teresa Horta, para o «Diário Notícias», ao ser confrontado por ela com a afirmação de que já houve momentos em que o comunismo se mostrou incompatível com a liberdade, respondeu:
«Isso é exacto. Mas, feita uma leitura democrática de Marx adequada à realidade de hoje, chega-se facilmente à conclusão que é possível realizar um socialismo marxista com respeito por todas as liberdades.»
Não acompanhava também certos rancores sectários do PCP. Era amigo do seu amigo independentemente da opinião que o partido dissesse dele.
Despojado de sectarismo ou inveja de qualquer espécie, distinguia-se pelo espírito tolerante, solidário e convergente, a capacidade de diálogo, a generosidade.
Embora não acreditasse na teoria do «homem novo», ele foi-o em grande medida, ao longo dos seus noventa anos de vida

Carlos Brito


 

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