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27 DE MAIO DE 2013, SEGUNDA FEIRA
Nota editorial da NewsLetter de Maio de 2013
Por vezes a vida tem destas ironias. No mesmo dia em que Wolfgang Schauble e Vítor Gaspar davam uma conferência de imprensa conjunta em Berlim, com o ministro das finanças alemão a declarar urbi et orbi o programa de ajustamento financeiro português como um exemplo de sucesso, a dívida pública no primeiro trimestre de 2013 já tinha ultrapassado em cinco pontos percentuais a projecção para o final do ano. Recuperando o título de uma obra de Slavoj Zizek, ao mesmo tempo que os portugueses estavam mergulhados numa tragédia, os dois ministros ensaiavam uma farsa.
De facto, o núcleo dirigente do actual governo resume-se às personalidades com ligações íntimas ao sistema financeiro internacional – Vítor Gaspar, António Borges e Carlos Moedas. O primeiro-ministro existe nominalmente para conduzir as reuniões do conselho de ministro e assinar a legislação. Em pleno processo de desagregação, em que cada cabeça já é uma sentença, demonstrativa das contradições que já se apoderou dos representantes da direita, tem cabido a Cavaco Silva o papel de cerzidor de um tecido prestes a desfazer-se. Porém, se este governo se mantém ainda em funções não será tanto pela sua acção mas porque ao sistema financeiro lhe interessa que esta austeridade se mantenha o mais tempo possível por forma a garantir o retorno dos seus investimentos no país, em compra da dívida e outras aplicações.

Cabe, por isso, ao movimento popular manter a pressão tanto sobre o governo como sobre o Presidente da República. Será ele, em última análise, quem acabará por desequilibrar a actual relação de forças institucional, obrigando a uma solução de eleições antecipadas. Mesmo que a evolução do quadro político-partidário na esquerda ainda se mantenha bastante embrionário no plano da convergência, numa conjuntura de eleições antecipadas terá rapidamente de se consolidar e constituir-se como alternativa de governo. Compete agora às forças de esquerda dar o seu contributo para ultrapassar o dogma da alternativa única.


 
E a acção de Esquerda, onde está?
Enviado por João Pessoa, em 29-07-2013 às 17:55:34
"Compete agora às forças de esquerda dar o seu contributo para ultrapassar o dogma da alternativa única. "

Alguém tem que dar o primeiro passo!

Até agora, não temos visto os partidos de esquerda, representados no Parlamento, grande vontade de ajudar a mudar as políticas e mostrar que existe uma ALTERNATIVA DE ESQUERDA.

O Sectarismo tem falado mais alto e a luta é maais pelo "CLÃ" de cada uma, que uma verdadeira luta pela alternativa de ESQUERDA.

Tenho esperança ainda que isso possa ser concretizado.
Este é o meu primeiro passo nessa direcção, vou apresentar a minha inscrição de sócio, juntamente com a da minha mulher na RC(Renovação Comunista)!
João Pessoa
Ironias
Enviado por Carlos Eugénio Peste André, em 28-05-2013 às 13:53:25
39 anos a saltar-mos de ruim para não presta e mantendo a esquerda embrionária, será que não se consegue atingir, pelo menos a titulo de experiência, colocar a esquerda no poder para ver se resulta ou não, já que dos outros temos experiência de sobra de que não prestam mesmo, são todos uma cambada de incompetentes e ladrões que têm posto este pais na ruína.
Convergência
Enviado por José Manuel Oliveira, em 28-05-2013 às 11:59:08
O texto alude a uma forma embrionária de convergência das esquerdas. Trata-se de mais um eufemismo para mascarar a eterna sede sectária que sempre dividiu,divide e dividirá os dirigentes (não as bases). Isso acontece, não por cegueira ou incompetência, menos ainda por alguma inevitabilidade dos fados, mas sobretudo porque esses lideres estão apostados no mais puro situacionismo,isto é, querem que tudo permaneça exactamente como está, para manterem os nichos de poder onde se entrincheiraram e dos quais nunca abdicarão. Nisso fazem um enorme favor à direita. Ela agradece, reconhecida.

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